As bem-aventuranças do Reino de Deus
Lição 6 da EBD revista Betel, 07/08/2016.
Texto Áureo: "E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos". Mt 5:1.
Verdade Aplicada - Os pertencentes ao Reino dos céus são conhecidos pelo seu caráter, convicção e grande alegria.
Texto de referência: Mt 5:3-9: "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus".
Introdução: Bem-aventuranças são o estado permanente da perfeita satisfação e plenitude apenas alcançada pelos súditos do Reino. Isso significa que os Seus discípulos precisam aprender dEle como serem felizes desde já.
Diferentemente dos sermões ministrados atualmente, meu ponto de vista sobre o assunto não começa em 'nós', mas começa em Jesus. Há uma grande diferença quando apresentamos um determinado assunto mudando o nosso foco. Cristo é a centralidade, não nós. O Sermão do Monte é considerado o maior discurso de todos os tempos. Em primeiro lugar, ele se difere dos ensinos dos sermões até então ministrados pelos mestres que vieram antes de Jesus. Em segundo lugar, ele prepara o coração das pessoas para aprenderem acerca dos princípios que regem o Reino de Deus, ajudando-as a compreender sua verdadeira natureza. Em terceiro lugar, ele se iniciou com o ministério messiânico de Jesus, foi inaugurado em sua morte e ressurreição e continuou através de seus discípulos, até nós dos tempos atuais.
As pessoas viram em Jesus alguém diferente dos demais e seu discurso como o de alguém que tem autoridade sobre qualquer assunto. As pessoas O seguiam porque ouviam falar de suas maravilhas. Onde ele estava, a multidão estava para receber dele ao menos uma palavra de esperança. As pessoas estavam aguardando o Rei, a instauração de um Reino prometido e as palavras de Jesus eram confortante para elas naquele momento. Havia grande expectação no rosto ansioso e nos corações cheios de pensamentos da glória futura de cada um que se aproximava de Jesus. Haviam aqueles também que queriam a riqueza e o esplendor do maior império do mundo que os dominava. "Os pobres camponeses e pescadores esperavam ouvir a certeza
de que suas arruinadas cabanas, a escassa comida, a vida de labuta e o temor da
miséria haviam de ser trocados por mansões de abundância e dias de felicidade.
Em lugar da única e ordinária vestimenta que os cobria de dia e lhes servia de
cobertor à noite, esperavam que Cristo lhes daria os ricos e custosos trajes de
seus conquistadores. Todos os corações fremiam com a orgulhosa esperança de que
Israel seria em breve honrado diante das nações, como o escolhido do Senhor, e
Jerusalém exaltada como cabeça de um reino universal". Essas eram promessas fundamentadas porque foram feitas por Deus ao Seu povo. E as palavras de Jesus eram aos seus ouvidos"como a chuva sobre o prado, como os chuveiros que regam a terra" (Sl 72:6).
Aquele povo confiava em Deus e nas Suas promessas. Não eram vãs, por isso, ao ouvirem o discurso sobre as bem-aventuranças, seus corações encheram-se de uma nova esperança. Deus julga o povo com justiça e os pobres com equidade, julga os aflitos dentre o povo (Sl 72:2,4).
1. A descrição das bem-aventuranças - Jesus anunciou aos Seus discípulos uma série de bem-aventuranças. Será que elas têm importância para nós hoje? Sim, elas são um modo de expressarmos um caráter que glorifique ao Pai e de nos realizarmos como súditos do Reino e discípulos de Jesus.
1.1. A primeira tríade das bem-aventuranças - Essa parte descreve o relacionamento entre o homem e seu Criador.
A doutrina de Jesus era o oposto de tudo quanto a multidão tinha ouvido até então. Eles buscavam ser exaltado diante do opressor, mas ouviram de Jesus: "bem-aventurado os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus". A humildade é o oposto do orgulho. Provérbios 18:12 diz: "Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai a humildade". Aqueles que desejam honra devem primeiro honrar, mostrando humildade. Humildade de coração. A humildade é um sentimento que leva a pessoa a reconhecer suas próprias limitações; modéstia; ausência de orgulho (Pv 18:12; Fp 2:3,5). Esse foi o sentimento do próprio Senhor Jesus quando desceu ao mundo: "Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade. Cada um considere os outros superiores a si mesmo. [...] Tende em vós aquele sentimento que houve em Cristo Jesus". Ele é o nosso exemplo.
Na época de Jesus, a oração dos fariseus era: "Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens". Essa é a verdadeira expressão de um sentimento religioso oposto à humildade, oposto ao verdadeiro princípio do Reino: humildade. O humilde reconhece que carece da graça de Deus, o soberbo e orgulhoso de nada tem falta. São cheios, mas aos olhos de Deus estão vazios, são desgraçados, pobres, cegos e nus. As pessoas que mais amaram o Senhor Jesus foram as que mais receberam perdão por seus muitos pecados [como a pecadora que ungiu os pés de Jesus]. Ou o publicano que batia no peito e dizia: "tem misericórdia de mim, pecador". Sê propício a mim. Aleluia! Esse é o verdadeiro sentimento dos cidadãos do Reino. Não a soberba ou o orgulho, mas a humildade: "Aprendei de mim [Jesus] que sou manso e humilde de coração. E encontrarei descanso para as vossas almas". (Mt 11:29b).
"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados". Aqui há outra característica dos cidadãos dos céus: Eles choram. O pranto é a manifestação de uma tristeza sincera do coração por causa do pecado. A pecadora que ungiu os pés de Jesus lavava os Seus pés com suas lágrimas e os secava com os seus cabelos. Aquele choro era por reconhecer que nela havia muitos pecados, mas Aquele a quem ela manifestava publicamente sua adoração tinha poder para perdoar os pecados: "Filha, perdoados te são os teus pecados". Jesus dizia claramente: "Quando eu for levantado da Terra [significando que morreria numa cruz], atrairei todos a mim". Aqui podemos distinguir o pecado que açoitou e condenou o nosso Mestre: o meu e o seu. Podemos perceber nossa ingratidão quando pecamos de forma deliberada, mesmo depois de termos conhecimento da sentença, do castigo que foi posto sobre Jesus, o Filho de Deus. Nosso reconhecimento da nossa condição de pecadores derrete nosso coração que se desfaz em lágrimas. Bem-aventurados os que choram. Há um consolo para nós em Cristo Jesus, e em seu Reino de glória: "Porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida; e Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima". Só recebe consolo quem precisa dele: os que choram. Há algumas passagens na Bíblia que falam que Jesus chorou. Mas especialmente, há uma passagem em que Ele chora por Jerusalém porque ela desconhecia o dia da Sua Visitação. O Messias veio, andou no meio dela, realizou milagres, mas Jerusalém não notou quem Ele de fato era. Talvez um dos maiores problemas que enfrentamos é a indiferença quanto à presença do Filho Amado de Deus em nosso meio. Hoje Ele habita em nós por intermédio do Seu Santo Espírito. Devemos nos aperceber disso.
"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra". A promessa segue agora os mansos. Outra vez nosso exemplo é Cristo: "Sou manso e humilde de coração". Há uma sequência lógica nas bem-aventuranças: primeiro: a humildade nos faz reconhecer que precisamos de um mediador, de um salvador; segundo, o choro é o reconhecimento que somos pecadores e que precisamos de alguém que nos perdoe, precisamos de um cordeiro e um sumo sacerdote que faça por nós sacrifício e intercessão diante de Deus; terceiro, reconhecemos nosso posicionamento em Cristo: nos assentamos com Ele [Vide estudo sobre esse assunto neste blog: http://josineidemartins.blogspot.com/2016/04/as-tres-atitudes-do-crente-breve.html?spref=bl]. Nós aprendemos a mansidão através do sofrimento [http://josineidemartins.blogspot.com/2016/06/mansidao-uma-nova-postura-de-vida.html?spref=bl].
1.2. A segunda tríade das bem-aventuranças - diz respeito aos relacionamentos interpessoais, entre homens e seus semelhantes.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos". A justiça de Deus foi dada gratuitamente aos que têm fome e sede. A nossa justiça vem de Deus (Is 54:17), Ele é a nossa Justiça (Jr 23:6). Ninguém pode suprir a sede da alma, pois ela anseia pelo Criador. Em Jo 6:35 Jesus é o Pão ao faminto; Em Jo 4:14 ele é a água para quem tem sede. Em Sl 62:5 Ele é a nossa esperança. Cristo é tudo em e para todos. "Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas Eu, o Senhor, os ouvirei, Eu, o Deus de Israel os não desampararei. Abrirei rios em lugares altos, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em tanques de águas e a terra seca, em mananciais" (Is 41:17,18).
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia" - Deus disse ao Seu Povo: misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque o exercício da misericórdia é mais importante do que qualquer sacrifício que possamos oferecer a Deus. Tudo o que fizermos aos 'pequeninos', fazemos a Deus e é Ele quem nos recompensará. Os misericordiosos são os que manifestam compaixão para com os pobres, os sofredores e oprimidos. "Vinde a mim". Esse é o convite de Jesus. Mas se alguém não escuta, podemos mostrar-lhe o que Jesus disse. Se alguém necessita de vida, Jesus é a Vida. Podemos levar essa pessoa até Jesus. "Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre. [...] O Senhor o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na Terra, e Tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; Tu renovas a sua cama na doença" (Sl 41:1-3).
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus". Muitas pessoas preocupam-se com a limpeza exterior [como os fariseus que criticavam os discípulos que comiam sem lavar as mãos], mas esquecem-se de que a limpeza interior é muito mais importante. Havia na época da Lei, quando os sacerdotes deveriam entrar na presença de Deus, algumas cerimônias de limpeza dos sacerdotes, das vestes e dos utensílios. Mas antes disso, deveria ser feito um sacrifício pelo próprio sacerdote, a fim de que não morresse quando chegasse no lugar Santíssimo. É precisamente dessa limpeza anterior e interior que Jesus está falando: os limpos de coração. Na cidade de Deus não entrará nada impuro que a contamine. Aqui está falando de caráter, de vida interior pura, limpa, reta diante de Deus e dos homens. Pv 22:11: "O que ama a pureza do coração e tem graça nos seus lábios terá por seu amigo o Rei".
1.3. A terceira tríade das bem-aventuranças: Essa parte diz respeito ao homem em relação a si mesmo.
"Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus". Jesus é o Príncipe da Paz (Is 9:6). Esse é também um fruto do Espírito já mencionado neste blog [http://josineidemartins.blogspot.com/2016/05/paz-o-prazer-inefavel-da-tranquilidade.html?spref=bl]. Nos céus haverá paz eterna. E, antecipadamente, podemos participar desta paz almejada e prometida. Não há mais inimizade, mas amor.
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus". Suportar a afronta e a ignomínia é uma característica dos cidadãos do Reino. Ser perseguido pela justiça, mas amparado pela presença de Deus. "No mundo tereis aflições". Essa foi uma admoestação que o Senhor nos fez, mas ele complementa: "Tende bom ânimo, eu venci o mundo". O mundo odiou o Senhor, O perseguiu e O matou. Não será diferente conosco. Seremos odiados de todas as gentes, perseguidos por causa do nome de Jesus e até mortos por amor a Cristo. A nós Ele diz: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (II Co 12:9). Aquelas bem-aventuranças anteriores nos capacitam a suportar a perseguição.
"Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem". Seremos afrontados por amor ao Senhor. O Salmista prefigurando o sofrimento do Messias diz: "Afrontas caíram sobre mim" (Sl 69:9). E depois de Cristo, sobre nós os seus discípulos também caíram afrontas. Podemos suportar o sofrimento, a perseguição, a afronta porque 'pela fé' podemos contemplar 'o invisível' (Hb 11:27). Nossa atitude não deve ser de tristeza pelas injúrias, mas, como o Senhor disse: "exultai, e alegrai-vos". Nossos irmãos também padeceram afrontas ainda maiores (Hb 11:35,36).
2. De quem são as bem-aventuranças? - A felicidade é um estado pertencente aos que nasceram de novo, tornando-se assim filhos de Deus (Jo 1:12). É tanto um estado quando um direito assegurado aos herdeiros de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor.
2.1. Dos que pertencem ao Reino dos Céus - A Bíblia diz que o Reino dos Céus é tomado por esforços. Recebemos de graça, mas temos que lutar por Ele, não para entrar, mas para permanecer. Ser humilde, reconhecer os pecados, reconhecer nossa necessidade do sacrifício vicário de Jesus são os primeiros passos. Os demais vai depender de muito esforço para prosseguirmos no Reino.
2.2. Dos que cultivam as virtudes do Reino - Assim como o fruto do Espírito, o cristão precisa batalhar para cultivar as virtudes do Reino. Cultivar exige esforços. Essa foi a função do homem quando Deus o pôs no jardim: o guardar e cuidar. Guardar do maligno e cuidar para que não entre nenhuma erva daninha, nenhum espinho, nenhuma praga, nada que possa danificá-lo.
2.3. Dos que sofrem pela justiça e por Cristo - Jesus foi nosso exemplo de sofrimento. Ele é capaz de nos segurar, fortalecer e impulsionar a seguir.
3. Os porquês das bem-aventuranças - As bem-aventuranças são seguidas de oito porquês. Isso indica uma ênfase de Jesus Cristo em mostrar a razão delas. Significando também que a fé cristã não é "um tiro no escuro" e nem há surpresas totais, posto que Jesus é absolutamente transparente e a felicidade profunda ao Reino é garantida.
3.1. As promessas aos felizes - porque deles é o Reino dos Céus. E este Reino não é como as pessoas daquele tempo esperavam: terreno e temporário, como são as bênçãos prometidas nos sermões hodiernos. Mas celestial e eterno. A distinção do Reino é a insígnia do Filho de Deus. Seus súditos são humildes, como Ele mesmo o foi. Não somos dignos da Salvação. Mas em Seu Filho, Deus nos introduziu no Reino do Seu Amor. Porque eles serão consolados; porque eles herdarão a terra.
3.2. A alegria da esperança dos felizes - Cristo é a nossa alegria, a nossa esperança. Estar com Ele em Seu Reino talvez seja o maior prêmio que o ser humano possa ter. Poucos almejam isso. Boa parte das pessoas são como aqueles que se aproximaram de Cristo pelos seus sinais e palavras: possuem uma esperança terrena e passageira.
3.3. O resultado da identidade dos felizes - Devemos nos identificar com Cristo, com aqueles que participam do Seu Reino. Somos de Cristo se guardarmos a sua Palavra, os seus mandamentos; se nos amarmos uns aos outros. Há uma série de características que devemos observar para nos identificarmos com os cidadãos do Reino: começando pela humildade até suportar perseguições, afrontas.
Conclusão - As bem-aventuranças são tanto um estado de felicidade quanto um compromisso ético daqueles que são filhos de Deus, cujo objetivo final é, através do novo pensar, ter um estilo de vida que glorifique a Deus.
Deus abençoe sua vida.
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