Graça e Perdão

A Bíblia diz que Jesus Cristo se manifestou para desfazer os nossos pecados, como está escrito: "E bem sabeis que ele [Jesus Cristo] se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado"; e para destruir as obras do maligno: "Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo". I Jo 1:5,8. 

O que tenho ouvido em muitas pregações [falácias] do Evangelho de Cristo Jesus a respeito da Graça não é, na verdade, o que a Bíblia revela sobre a Graça de Deus.  Judas, irmão do Senhor Jesus, diz em sua epístola: "Porque se introduziram alguns [falsos mestres], que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo". Jd  v.4. O vocábulo 'dissolução' no grego é aselgeia e significa 'deboche total, indecência desavergonhada, desejo desenfreado, depravação irrestrita'. Significa ainda que a pessoa que contém tal característica, tem uma 'oposição insolente à oposição pública, pecando à luz do dia com arrogância e desdém'. 

Nós temos presenciado esse tipo de comportamento nos nossos dias, de homens que se introduziram na Igreja com propósitos malignos: praticar à luz do dia o que a Bíblia condena, apoiar aqueles que tais coisas fazem e ainda ensinar falsamente a Palavra da Verdade, induzindo outros cristãos ao erro. Por causa disso, muitos têm blasfemado o Caminho da Verdade. Esses homens ímpios [e 'ímpio' é o vocábulo português traduzido do grego 'rasha' que significa 'incorreto, violentamente rompido, pecaminoso, ilegal, culpado, condenado, punível, perverso, injusto, pecador' - é como se dissesse que o homem é ímpio por causa de uma confusão interna não resolvida] são falsos mestres, homens que pregam doutrinas de homens ou de demônios, negando a eficácia da Palavra de Deus. O homem ímpio está em oposição ao homem justo. 

Bem, mas alguns acreditam que a graça de Deus nos isenta de nossos atos pecaminosos. Aqui há um grande engano, queridos. Graça não é carta branca para pecar. Na Bíblia há dois vocábulos gregos que dão origem à palavra 'Graça' do português:  'charis' e 'chen'. 'Chen' está registrado no Livro de Zacarias capítulo 12, versículo 10, que diz: "E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça ['chen'] e de súplicas; e olharão para mim, a quem transpassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito". Nesse contexto, graça significa 'favor, graciosidade, bondade, beleza, amabilidade, charme, atratividade, encanto'. A raiz desse vocábulo é 'chanan' que significa 'agir graciosamente em relação a alguém, ser apaixonado, estar favoravelmente inclinado'. Veja que a ação é de Deus em relação ao povo. Derramarei o Espírito de graça, diz Ele. 

'Charis' é mencionado na segunda carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 12, versículo 9, que diz: "E disse-me: A minha graça ['charis'] te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza, para que em mim habite o poder de Cristo". Da mesma raiz de 'chara - alegria; e 'chairo', regozijar', É isso que 'charis' causa: regozijo. É a palavra para a graça ['charis'] de Deus conforme estendida ao ser humano pecador. Nesse contexto, graça significa favor e bênção imerecidos, um dom livre. Aqui é outra ação que não depende de nós. Deus olhou para nós e graciosamente ['chen'] nos ofereceu algo que não merecíamos: a sua graça ['charis'].

A Bíblia diz que Deus olhou para nós, estando nós ainda mortos: Ef 2:1 "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados". Deus nos deu vida. Éramos mortos por causa da maldição que pesava sobre nós desde o pecado de Adão. Mortos em todos os aspectos. Deus se apaixonou por nós, estendeu para nós a sua graça ['chen']. Continuando Paulo: Rm 6:1-2 "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?". É uma interrogação e um alerta para nós. Para todos aqueles que acham que Deus é condescendente com o pecado. Para aqueles que acham que Deus usará dois pesos e duas medidas para julgar a terra e o seu pecado. Como Paulo afirma em Rm 6:11 "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor". E o próprio Senhor Jesus em Mt 22:32 "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos".

Vivos para Deus. Mortos para o pecado. Porque o pecado foi aniquilado na cruz. Cristo se fez justiça [morreu em nosso lugar] para nos dar vida. Se estamos vivos para Deus, como, pois, podemos continuar a praticar o pecado? Amados, o pecado na vida do cristão que já recebeu a iluminação da revelação da Palavra de Deus deve ser uma exceção, um tropeço, e não uma regra. Não um viver desregrado no pecado. 

A Bíblia diz que antes de morrer, Jesus diz aos discípulos que enviaria o Espírito Santo, o Consolador, o Espírito da Verdade que não falaria de si mesmo, mas faria com que os discípulos de Jesus se lembrassem de tudo quanto lhes tinha dito. Jo 14:26 "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito". E o papel dele é também convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo: Jo 16:8-11: "E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado". Depois que o Espírito Santo habitar no coração do cristão, ele já não pode mais viver como vivia antes que o Senhor o vivificasse, caso contrário, o Espírito do Senhor será extinguido, apagado em sua vida. e novamente, ele se torna escravo do pecado. Desse modo, planta pecado e colhe corrupção.

Que Deus fale ao teu coração com essa palavra. E te faça conhecer sua Graça e Perdão verdadeiros.
Amém! 
  

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