Eis o Cordeiro de Deus (João 1:36)
Quando o Senhor me revela aspectos tão profundos em Sua Maravilhosa Palavra, meu desejo é ter essa fonte jorrando e inundando os corações, como o Senhor inundou o meu. Porque o trabalhar de Deus, pelo Seu Espírito Santo, na vida da Igreja e de cada um em particular, buscando a edificação do Seu Corpo é muitas vezes incompreensível, mas ao mesmo tempo, perfeito. Que Deus nos guie em Sua Palavra de modo que possamos compreender a Sua Vontade neste dia e perceber o quanto de nós ainda precisa ser ganho por Ele. Amém.
Não sei porque, embora todos os evangelhos possuam o mesmo valor inestimável, o evangelho de João é apresentado de forma tão clara e linguagem tão simples que podemos até subestimar a profundidade das verdades contidas em cada versículo. O capítulo 1 resume verdades eternas acerca da Criação, do Plano da Redenção, do Amor de Deus, de Sua Palavra, de Sua Redenção. Cada um desses versículos poderia ser descoberto diariamente, mas jamais chegaríamos ao fim das Palavras. Por essa razão, mais uma vez, com temor e de modo cauteloso, gostaria de compartilhar mais uma breve explanação daquilo que o Senhor tem posto em meu coração.
O vocábulo Cordeiro apresentado no Capítulo primeiro, versículo 36 do Evangelho de João, traz em si revelações profundas da encarnação do Filho de Deus. No livro de Gênesis Capítulo 4:4 diz que Abel trouxe das primícias de suas ovelhas uma oferenda a Deus. E atentou Deus para Abel (o ofertante) e para sua oferta (dos primogênitos). Em hebraico, Abel significa 'vapor', 'o transitório' e se formos nos aprofundando mais no significado desse quadro, podemos chegar até o livro de Hebreus 10:7, no qual lemos: "Então, disse: Eis aqui venho (no princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade". Gênesis 4:4 narra uma figura que ainda nem havia sido revelada. Podemos perceber que Abel, o transitório, prefigura um sumo-sacerdote oferecendo um sacrifício a Deus, mas ´também é uma prova de que Deus faria uma aliança transitória com um povo que viria a conhecê-lo. Transitória não por vontade de Deus, mas por causa da inconsistência, da desobediência, da falta de compromisso e de firmeza humana.
O sacrifício oferecido por Abel a Deus não foi um requerimento feito por Deus. Foi uma oferta voluntária do homem. O sacrifício de Jesus foi pela vontade soberana de Deus: seu Filho Amado seria entregue para morrer por nossos pecados. Para nos reconciliar com Deus. O sacrifício do Filho de Deus pelo pecado é a confirmação de um pacto eterno: "mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo". O aspecto transitório foi cancelado pelo aspecto eterno em Cristo Jesus.
Ainda no livro de Gênesis, capítulo 12, lemos a história do chamado de Abraão, o Pai da Fé. Continuando, lemos a promessa que Deus lhe faz de fazer dele uma grande nação, ainda a promessa que Deus lhe faz de dar-lhe um filho (Isaque - que significa 'riso', Gênesis 21:4) e depois lemos sobre o pedido de Deus a Abraão para sacrificar seu único filho. Um aspecto interessante na história de Abraão é que Deus lhe deu um filho quando todo o seu corpo já estava amortecido. Deus poderia ter realizado esse sonho de Abraão quando ele ainda era jovem e cheio de vigor. Mas o Senhor Deus preferiu esperar até que todo o corpo de Abraão estivesse amortecido. Olhando para essa passagem e para o significado do nome Isaque, percebemos que um dos aspectos da graça revelada por Deus a nós é que Deus sorriu para nós, sendo favorável, oferecendo uma chance de sermos perdoados. Isso aconteceu depois que a aliança feita entre Deus e o homem estivesse já envelhecida: "Chamando "nova" essa aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido está a ponto de desaparecer". Epístola aos Hebreus 8:13.
O sacrifício oferecido por Abel foi voluntário, não havia nele nada que o impelisse a fazê-lo, a não ser o desejo de agradar a Deus. O sacrifício oferecido por Abraão, não. Embora Abraão soubesse que Deus havia feito uma promessa de fazer dele uma grande nação, e que das cinzas pudesse ressuscitar Isaque, sacrificar seu filho era dizer que Deus era mais importante do que Isaque. Deus requere isso de Abraão como forma de provar sua fé. Mas não apenas isso. No momento em que Deus substitui Isaque por um cordeiro, Deus estava revelando o seu próprio coração. Havia um propósito eterno também no pedido de Deus: Isaque não era o sacrifício que Deus iria requerer um dia, mas sim o Seu próprio Filho. Um Cordeiro sem mácula. Não nascido do pecado, mas de uma semente incorruptível.
Agora, imaginemos a emoção de Abraão quando ergue os olhos e vê um carneiro preso num arbusto: "Abraão ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá pegá-lo, e o sacrificou como holocausto em lugar de seu filho". Jesus recebeu em sua cabeça uma coroa de espinhos. Os espinhos são o resultado do pecado do homem na terra. Para lembrar ao homem que ele havia perdido a glória da comunhão com Deus por causa do pecado. O pecado fere, machuca alguém que morreu em nosso lugar. Aqui podemos notar o aspecto da substituição na morte de Cristo: Ele morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 5:8: "Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. "). "Eis aí o Cordeiro de Deus". Ele nos substituiu naquele altar. Isaque prefigura nosso Senhor e ao mesmo tempo a nós mesmos que seríamos oferecidos por causa do pecado. O nosso pecado significa uma sentença de morte. "A alma que pecar, essa morrerá" (Ezequiel 18:20a).
Mas Deus não tem prazer na morte do ímpio: "Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?" Ezequiel 33:11. Por isso requer que nos arrependamos de nossos pecados e nos tornemos a Ele. Quando João, o Batista, pregava no deserto, a mensagem era sobre o arrependimento, porque era chegado o Reino de Deus. E termos o Senhor como nosso substituto na morte é preciso primeiramente ouvirmos, obedecermos, e nos arrependermos de nossos pecados. E só então seremos aceitos por Deus. Isso não é anular a graça. Mas é um sinal de que a graça nos encontrou e nos transformou. Se somos novas criaturas, isto é, seres criados com semente incorruptível, nosso fruto não será mais para a morte. Não viveremos mais no pecado. Não se trata de adotarmos uma lista do que devemos ou não fazer, mas sim que nosso estilo de vida, nossa essência se identifique com o Filho de Deus nesse aspecto: Ele morreu a nossa morte e agora podemos perceber um novo aspecto: morremos com ele. Esse aspecto se realiza quando compreendemos o chamado de Deus para tornarmos a Ele. Ele nos dá a vida, porque estamos mortos. Não é mais aquela vida que Deus soprou nas narinas de Adão quando o formou do pó da terra. Mas uma nova vida e só podemos demonstrar que temos essa nova vida por nossas ações: "pela árvore conhecereis o fruto". Não há nascimento de um novo ser se a velha natureza ainda persiste. Não se trata de reencarnar. Trata-se, antes, de termos a oportunidade de, a partir daquele momento, sermos diferentes, sermos obedientes, sermos santos na presença do Pai. Esse aspecto pode ser visualizado mais claramente no batismo nas águas. Fomos batizados na semelhança de sua morte e ressurreição.
Seguindo ainda a leitura, no livro de Êxodo lemos a história de como Deus usa Moisés para tirar o seu povo do Egito. Moisés nesse contexto simboliza o Espírito Santo, trabalhando em nós, nos conduzindo à Terra Prometida, nos mostrando a presença maravilhosa de Deus em todo o caminho pela Palavra. No desenrolar da história, lemos o modo maravilhoso que Deus usou para fazer com que o Egito expulsasse Israel de seu território. É por isso, também, que nós somos o tempo todo rejeitados pelo mundo [Egito simbólico]. O Egito sofria pela morte de todos os primogênitos. Em todas as casas havia luto. Exceto na casa dos hebreus que creram em Moisés que disse que Deus havia instruído o povo a sacrificar um cordeiro para cada casa, segundo o número de pessoas naquela família, e marcasse com o sangue os umbrais das portas. No Egito os primogênitos morreram todos. Mas nas casas dos hebreus, o cordeiro novamente substituiu os primogênitos. Só que nesse momento, os hebreus sacrificariam e comeriam o cordeiro apressadamente, com os sapatos nos pés, cingidos com suas roupas e, além disso, prontos para serem retirados do Egito apressadamente.
O sangue na Bíblia significa a vida. Por isso que só aqueles que têm o sangue de Jesus sobre si, aqueles que levam a marca do sangue, serão poupados e retirados apressadamente do mundo. Um aspecto muito importante aqui é a questão da fé. Nós recebemos a Palavra, nós aceitamos a Graça e a Misericórdia e o Amor de Deus pela fé. Crendo que o sangue de Jesus é que nos dará vitória sobre o mundo. A Igreja do Senhor Jesus na terra é o povo que será retirado para fora de um sistema mundano e conduzido pelo deserto. Mas não podemos perder de vista o Cordeiro de Deus. Sem Ele não podemos ter o sangue nos umbrais de nossa casa. Sem ele morrerá nossa esperança. Sem o sacrifício dele, seremos como as famílias do Egito: estaremos de luto pela morte do primogênito.
É por essa razão que o mundo não pode aceitar a verdade da Bíblia. É por essa que ele não pode conhecer a verdade da Bíblia. É por essa razão que o mundo não pode ter a eficácia do poder do sangue em si mesmo. Deus se revelou para os hebreus. Após a morte de Cristo Deus se revela à Igreja. Independe de religião. Ele se revela a todos aqueles que, pela fé, vivem a Verdade contida na Bíblia. Somos filhos de uma promessa que Deus fez. A diferença é: "O que farei com essa verdade?". Vivê-la ou questioná-la? Se eu vivo a verdade, então, esses aspectos da morte de Jesus, isto é, a substituição e a inclusão ou participação [mortos com ele] são realidade. E passamos a viver uma nova vida. A partir desse momento, estaremos prontos para cumprir Deuteronômio 30:6 que diz: "O Senhor, o seu Deus, dará um coração fiel a vocês e aos seus descendentes, para que o amem de todo o coração e de toda a alma e vivam.". Nosso coração será fiel. Esse é o resultado da obediência. Amaremos o Senhor de todo o nosso coração e de toda a nossa alma. Mas esse amor não será como o mar morto só para encher um espaço, mas sem vida. Ele se derramará. Então amaremos o próximo como a nós mesmos. Cumpriremos o desígnio do coração do Pai. Seremos como Seu Filho Amado. E nesse momento seremos identificados como Filhos de Deus. E o Unigênito tornar-se-á o Primogênito. Ele morreu por nós. Nós morremos com Ele e não mais estaremos no mundo.
Como Igreja do Senhor, não podemos perder o foco de vista. Somos peregrinos na terra. A qualquer momento chegaremos em Sião, a terra prometida. Então como disse o escritor aos Hebreus: Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. Romanos 12:1-4..
Embora ninguém mais pregue o arrependimento, a santificação, a abstenção do pecado Deus exige que Seus Filhos andem em novidade de Vida. De outro modo, como saberão que somos filhos de Deus?
Deus abençoe sua vida.
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