A quem buscais?

Analisando o tipo de mensagens ministradas na atualidade, bem como o tipo de culto em que as reuniões ficam mais cheias, comecei a questionar se todos estão certos e apenas eu estou errada. Às vezes fico pensando se é errado julgar as mensagens ministradas, se estou pecando nisso, e sinto meu coração inquieto, em busca de respostas. O estilo das lições da EBD, as mensagens dos cultos evangelísticos, as campanhas e mais campanhas, as profetadas, já não sei mais se estou sendo sincera em minha fé no Senhor, ou se estou pecando fazendo essas análises. O que sei é que não sinto a presença do Senhor nas reuniões, não sinto a Palavra ministrada e não sinto que o culto seja realmente para agradar ao Senhor. Então, quem buscamos na verdade? O que eu busco? Pra quem é o culto? Quando vamos às reuniões, ouvimos as pessoas dizerem: vamos assistir ao culto. Assistir e não prestar. E aqui é um ponto intrigante porque, antigamente, as pessoas se reuniam com o propósito de adorar ao Senhor. Mas hoje, até mesmo o vocábulo 'adorar' tem tido seu sentido modificado.

Quando olho para a Bíblia e busco o conteúdo ministrado por Cristo e seus discípulos percebo um contraste em relação às mensagens dos cultos. Hoje, as pessoas simplesmente contam histórias bíblicas. Histórias que não têm nada a ver com a nossa realidade. Desculpem-me. Não há nada mais atual do que os problemas enfrentados pela humanidade. As pessoas continuam murmurando, continuam destruindo umas às outras, continuam com suas ofertas para Deus [mas são Caim ou Abel?, são Saul ou Samuel?], continuam levantando-se contra seus líderes, continuam vendendo umas às outras, e a vida continua. Mas estou falando de propósitos. Havia um propósito para Deus deixar todas aquelas histórias e profecias registradas. Por exemplo, todo cristão sabe de cor e salteada a 'história do filho pródigo' e eu não suporto mais nem ouvir uma pregação a respeito. Ou falam do filho pródigo que gastou toda a fortuna, ou falam do filho que fica na casa do Pai, mas não desfruta da presença do Pai ou falam do Pai que nunca esqueceu o filho. Comparam o Pai a Deus e o pródigo com o irmão desviado e o filho que ficou em casa com o irmão 'desviado dentro da igreja'. Mas só a parte que relata o que acontece. Só a história. O que o Espírito Santo quer que aprendamos com a história do filho pródigo?

O contexto dessa parábola está inserido na queixa dos fariseus e dos escribas sobre o fato de Jesus receber publicanos e pecadores. Então o Senhor conta na sequência a parábola da ovelha perdida (eram 100 ovelhas e uma se desgarra, logo é 1% que se perdeu, mas o Pastor dessa ovelha vai em busca dela). A segunda parábola é da dracma perdida (eram 10 dracmas e uma se perdeu, equivalente a 10%, mas a mulher que havia perdido a dracma a busca diligentemente até encontrá-la, e faz uma festa, e Jesus diz em seguida que há festa nos céus quando um pecador se arrepende de seus pecados). E a terceira parábola, que é do filho pródigo (eram 2 filhos, mas um se perdeu, representando 50% dos filhos, agora o Pai não vai em busca do filho perdido, mas o aguarda todos os dias, porque sabe que ele vai retornar). 1%, 10% e 50%. Há um sentido maior e os que se perderam pode representar a nação de Israel. Israel tornará para Deus, o Pai. Duas vezes o Senhor buscou Israel, mas agora é necessário que Israel reconheça em Jesus o seu Salvador, o Messias, o Rei esperado e volte, após reconhecer que só comeu 'bolotas de porco', que representa um animal imundo para os israelitas. 

Mas a quem buscais?

O que há de errado com as mensagens atuais? Para mim, nelas falta a pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A centralidade de Cristo foi usurpada. Hoje na reunião da Escola Bíblica, a comentarista da lição, embora tenha se esforçado para ministrar uma ''boa aula'', só contou a história da conquista de Canaã. E foi ao absurdo de comparar a conquista da terra de Canaã com as conquistas das 'bênçãos' que Deus nos prometeu aqui na terra. A comentarista disse que a promessa feita por Deus a Israel era 'absurda'. Afinal, todos temos promessas feitas por Deus. E mesmo quando as conquistamos, continuamos lutando. Certo? Errado. O foco continua errado, ele está no que esperamos de Deus. Uma comparação simplória com filho pródigo, ele não sentiu falta do Pai, mas do pão que o Pai oferecia aos seus empregados (Lc 15:11-32).

A quem buscais?

Analisando as multidões que acompanhavam Jesus, podemos perceber que ou elas estavam em busca de um milagre ou elas estavam em busca de pão. Jesus tinha isso para dar. Mas em nenhum dos que buscavam ao Senhor eu notei que buscavam o Senhor porque ele é o Filho de Deus, o Senhor, o Salvador, o Remidor. Conhecemos todos os títulos dado ao Senhor, mas não vamos ao Senhor para buscá-lo pelo que Ele é. Nossas orações só têm o propósito de pedir. Há até alguns chavões usados pelos cristãos em relação a isso: "a oração é a chave da vitória" ou "a oração move o coração de Deus" ou mesmo "Deus não resiste a oração". Amados, a oração é um momento de intimidade entre nós e o Senhor. É um quebrantamento do nosso ego. e não deve ser usada para obtermos coisas. Lembremos-nos agora dos leprosos que Jesus curou. Eram 10 e só 1 voltou para agradecer. Teve um milagre que Jesus realizou e aquele homem quis andar com Jesus: o endemoniado de Gadara. Mas o Senhor não permitiu, entretanto, Jesus lhe dá um encargo muito importante: contar a todos as grandes coisas que Deus tinha feito a ele (Lc 8:2639). O foco é em Quem fez o milagre, esse é o propósito do milagre.

Vemos muitos exemplos de pessoas que receberam curas, outras que foram ressuscitadas, outras que foram libertas de demônios, outras que tiveram os pecados perdoados. Entretanto, as cidades em que Jesus operou a maior parte dos milagres, e não se arrependeram, receberam também duras advertências: Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Mt 11:20-24). Milagres e curas não são garantias de arrependimento. O foco do cristão não é só essa vida, não é obter promessas para essa vida. As campanhas que são feitas têm apenas um foco: bênçãos. As pessoas querem mais. Não é suficiente termos o Senhor. Ele não nos satisfaz. Como Israel no deserto não se contentava com o Maná, as pessoas tinham saudades do Egito, da servidão, porque lá comiam carne. O Maná dava fastio. Cristo hoje não é ministrado porque o que vale são os milagres. E Ele faz milagres.

Só havia um propósito nos milagres; confirmavam que Jesus tinha sido enviado ao mundo por Deus, que Jesus é o Filho de Deus. E quando Jesus enviou os discípulos, ele disse: "E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado o Reino de Deus", isto é, Cristo. Quando os discípulos retornaram alegres porque até os demônios lhes eram sujeitos, Jesus disse: "Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus".

A quem buscais?

"Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e disse-lhes: a quem buscais?". Aqueles homens buscavam Jesus, o nazareno, mas buscavam-no para o prender.

O que depreendemos disso tudo? Será que alguém, em algum lugar, busca o Senhor simplesmente pelo fato de ser Ele o Filho de Deus, nosso Amado que a Si mesmo se entregou e morreu na cruz do Calvário para nos dar vida? Pela desobediência de um homem (Adão) entrou o pecado no mundo e, com o pecado, a morte a todos os homens, por isso que todos pecaram, mas, pela obediência de um homem (Jesus), o perdão e, com ele, a vida eterna.

Jesus é suficiente pra você?
A quem buscais?

Deus abençoe sua vida.