Maria, mãe de Jesus - uma serva humilde

Lição de n. 11 da revista da EBD - CPAD. 

"Disse, então, Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela". Evangelho de Lucas 3:38.

Verdade Prática: Maria, mãe de Jesus, nos deixo um exemplo elevado de humildade e submissão à vontade de Deus. 

Texto de Referência: Evangelho segundo escreveu Lucas capítulo 1:46-49. Oração de Maria.

Gostaria de compartilhar nesta lição dois vocábulos presentes na Verdade Prática: humildade e Submissão [mais especificamente no que concerne à obediência a Deus e a Sua Vontade].

Mas antes disso, gostaria de dizer que a submissão decorre da humildade. Sendo assim, nós só conseguiremos ser submissos e obedientes se formos humildes de coração, como Jesus nos ensinou (Mt 11:28). 

O tópico I da Lição diz que Maria é a mãe de Jesus, o Messias, o Salvador de toda a humanidade. No Jardim, na promessa feita por Deus a Eva, Jesus é a semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente (o diabo). Voltando outra vez o olhar para o livro de Gênesis, podemos perceber que a conduta de Maria em se submeter obedientemente à vontade de Deus é completamente oposta à atitude de Eva que, ao desobedecer ao mandamento do Senhor Deus, o Criador, expressava o orgulho no desejo de "ser como Deus". A atitude de uma pessoa humilde é justamente o reconhecimento de suas próprias limitações, é o esvaziamento do "eu", é dar lugar, primeiramente, para Deus, ao seu agir e ao seu governo. Andrew Murray no livro “Humildade, a beleza da santidade: um desafio a verdadeira espiritualidade” diz que 


O orgulho é a raiz de todo pecado e mal, a porta, o nascimento e a maldição do inferno, a explicação de toda decadência e fracasso. O orgulho da ‘santidade’ é o mais sutil de todos os males, enquanto a humildade é o único solo fértil no qual a graça de Deus pode produzir abundante fruto. O mal não pode ter início a não ser no orgulho, e não ter fim a não ser pela humildade. A verdade é esta; o orgulho tem de morrer em você, ou nada dos céus poderá viver em você. A humildade tem de lançar a semente, ou não pode haver colheita nos céus.

Maria foi escolhida por Deus, mas não aleatoriamente. Uma vez que Deus sempre trabalha com critérios previamente estabelecidos. E com Maria não foi diferente. Havia razões para Deus escolhê-la. Vejamos:

1) Para ser mãe do Filho de Deus, Maria tinha que ser da linhagem de Davi. Deus havia feito a Davi uma promessa que podemos ler no segundo livro de Samuel 7:12-14: "Farei levantar [...] a tua semente [...] e estabelecerei o seu reino". Deus estabelecerá para sempre o reino da semente de Davi, isto é, Jesus, também chamado Filho de Davi. Essa profecia foi confirmada por Isaías 9:7.

2) Deus atentou para o caráter de Maria, para sua humildade. Ele revelou o que havia em seu coração, pois já sabida de antemão que ela lhe seria obediente. Maria, então, seria o instrumento através do qual Deus cumpriria as profecias a respeito da vinda do Messias. Ela traria o Filho de Deus ao mundo. O profeta Isaías profetizou a esse respeito, dizendo que Deus daria um sinal, uma virgem iria conceber e daria à luz um filho, cujo nome é Emanuel, que significa Deus conosco (Isaías 7:14).

Por isso Maria foi agraciada, o que significa que ela recebeu a graça e a missão de ser mãe de Jesus, o Salvador. Certamente Maria possuía um caráter reto na presença de Deus. Podemos perceber isso nas palavras do anjo Gabriel: "Deus é contigo. Bendita é tu entre as mulheres". Bendito é um vocábulo que no original bíblico é 'baruch', do qual vem a variante 'barech' - joelho. No Velho Testamento era comum as pessoas se ajoelharem para abençoar alguém ou para receber uma bênção diante de Deus ou do rei em seu trono. E, entre todas as mulheres, Maria recebeu a maior bênção que poderia ser desejada por uma mulher: trazer ao mundo aquele a quem tanto os judeus aguardavam há séculos: A raiz de Davi, a resplandecente Estrela da Manhã. O libertador; o Rei Justo; o Messias [o Cristo].

Mas ser a mãe de Jesus não significava apenas ter um imenso privilégio, senão também implicava em inúmeras responsabilidades. 

O tópico II diz que a Missão de Maria é elevada.

Isso porque seria a mãe do Salvador. Jesus tinha pleno conhecimento de sua missão na terra. Ele foi obediente a seus pais terrenos, mas principalmente, jamais se esqueceu de tratar dos "negócios de seu Pai".

Maria se submeteu à vontade de Deus (Lucas 1:38). Ela não considerou o fato de que isso implicaria na perda de sua reputação. José poderia se recusar a manter o compromisso com ela. Embora estivesse compromissada com José, ele não  a 'conheceu', ou seja, ele não teve contato íntimo com ela. E isso continuou até que Jesus nasceu e até que se cumpriram os dias de sua purificação. Ainda prosseguindo a leitura do Evangelho de Lucas, entendemos que Jesus foi o primogênito de Maria. Primogênito quer dizer o primeiro que foi gerado. Ela teve outros filhos e filhas com José. (Lc 2:7).

O tópico III apresenta o papel de Maria no "Plano da Salvação".

1º - Ela deu à luz "a semente da mulher" que Deus prometeu ainda no Jardim. 

2º - Ela ensinou Jesus no caminho da Verdade. "E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava sobre ele". Lc 2:40.

3º - Ela [e seus filhos] acompanharam Jesus em momentos específicos de seu ministério (Mc 3:31-35). Tiago e Judas [que escreveram as epístolas homônimas] eram irmãos de Jesus.

Maria teve um papel fundamental para o nascimento de Jesus. No entanto, é um grande erro creditar a ela algo mais do que isso, como, por exemplo, acreditar que Maria seja "mãe de Deus". Maria é mãe de Jesus, humano, que sentia dores, que chorava, que se irava, que cobrava uma atitude dos fariseus hipócritas; que repreendia os discípulos pela falta de fé. Como ser humano, Jesus também padeceu e morreu.

Mas a divindade de Jesus não proveio de Maria, mas de Deus, pelo Seu Espírito. Igualmente, o espírito humano é dado por Deus. A vida é dada por Deus. Nenhuma mulher é capaz de dar vida ou de decidir como será o fruto do seu ventre. Mulher alguma é capaz de escolher o sexo do filho, a cor de seus olhos, o tipo de cabelo, de determinar o sexo ou mesmo a estatura, os genes herdados do pai, dela mesma ou de um antepassado. E, por mais que ela ame seu filho, ela jamais poderá ser capaz de fazê-lo viver, mesmo em seu ventre, se houver qualquer falha no processo gestacional. Davi diz assim no Salmo 139:14 e 15: "Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado [...]. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado [...]". E ainda a parte 'a' do versículo 16: "Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe [...]".Além disso, Deus tem atributos que nenhum ser humano possui: Ele é eterno, Onisciente [Conhecedor de todas as coisas]; Onipresente [está em todo lugar ao mesmo tempo] e Onipotente [Todo-Poderoso]. Maria, bem como qualquer outro mortal, jamais será como Deus. Por essa razão, ela não pode ser mãe de Deus, ainda que seja mãe de Jesus. A divindade de Jesus lhe foi comunicada por Deus, pelo Seu Espírito.

Outro grande erro é considerar Maria Redentora. O vocábulo Redenção vem de 'apotrutosis' que traz como principal sentido a libertação garantida pelo pagamento de um resgate. O pagamento foi feito na cruz por Jesus Cristo. Paulo diz aos Colossenses: "E, quando v´s estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula  que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz". Entre os antigos havia o seguinte costume: Quando um homem contraía uma dívida, ele assinava documentos diante de muitas testemunhas. E quando essa dívida era paga, ele pegava os documentos e com um punhal cravava na entrada de sua casa, a fim de que todos vissem que a dívida havia sido paga. É isso que significa essa passagem de Colossenses 2:14. E Jesus Cristo fez isso: ele pagou a dívida que era contra nós, cravando-a na cruz. Logo, ele é o Redentor, não Maria. Não outro qualquer. Ser Redentor dos pecadores é um 'título', digamos assim, que compete unicamente a Jesus Cristo. Ele morreu na cruz. Ele é o cumprimento de todas as profecias desde Adão até o Apocalipse. Por isso, Jesus é o Princípio e o Fim; o Alfa e o Ômega. Fomos justificados gratuitamente pela graça de Deus, pela redenção que há em Cristo Jesus. (Romanos 3:24).

Jesus morreu em nosso lugar e nós fomos crucificados com ele - isso implica mudança de caráter: não vivo eu, mas Cristo vive em mim. (Gálatas 5:20).

E, por fim, Maria não pode ser chamada Mediadora, porque há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem. (I Timóteo 2:5). Ele está à direita de Deus, e também intercede por nós. 

Esses comentários não buscam ofender ninguém, nem a crença de ninguém. Antes, têm como objetivo mostrar que por mais que uma pessoa tenha um chamado especial de Deus, ela jamais poderá ocupar e nem tampouco usurpar qualquer glória que pertence a Jesus: "Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome: para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para Glória de Deus Pai." Filipenses 2:9-11. Amém!

Deus abençoe sua vida.
 

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