Revista da EBD BETEL: Lição 4 de 26 de janeiro de 2020 - Orientações Bíblicas sobre a intimidade do casal
Texto Áureo
Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros, Deus os julgará. Hebreus 13.4.
A verdade aplicada traz conceitos de intimidade do casal baseada em amor, respeito e cuidado mútuo, de acordo com a Palavra de Deus.
Os objetivos da lição são:
- Ensinar que Deus criou o sexo para o bem-estar do casal no casamento;
- Mostrar os cuidados que os cônjuges devem ter para que a vida sexual seja plena e efetiva entre eles;
- Apresentar três princípios básicos para uma intimidade sadia e feliz.
Texto de referência: Provérbios 5.15-19.
Introdução
Quais as orientações na Bíblia em relação à intimidade do casal?
Na introdução, o comentarista fala de distorções dos valores cristãos e invasão nos lares de pornografia e vários tipos de imoralidade, mas, embora o acesso a esse tipo de material tenha sido facilitado, e muito, pelo avanço da tecnologia, a imoralidade não é "mérito" da sociedade moderna. Aliás, desde que a humanidade se multiplicou sobre a terra, também tem se multiplicado toda sorte de imoralidade; iniquidade; pecado. A Lei foi dada ao povo hebreu durante sua peregrinação no deserto a fim de que, ao tomarem posse da terra prometida, o povo pudesse servir de exemplo para as demais famílias da terra. Todos os povos e todas as gentes teriam Israel como modelo e testemunho da bondade e da fidelidade do Seu Deus para com Seu povo. Por isso ao povo de Israel pertenciam a Lei e o Testemunho.
Após o cumprimento da Lei em Cristo Jesus, esse papel passou a pertencer à Igreja do Senhor Jesus. Ela é hoje a Testemunha de Cristo, de sua bondade, fidelidade, amor. E Cristo e a Igreja são o modelo do casamento perfeito: Ele entrega a própria vida para apresentá-la Igreja Imaculada, sem ruga, nem coisa alguma que a contamine; Ela é sujeita a Ele, em submissão, sendo testemunha desse amor, demonstrando, como fiel despenseira de Deus, todos os dons e dádivas aos homens.
O primeiro casal, Adão e Eva, não eram perfeitos porque estavam ambos sujeitos à queda. Cristo é o homem perfeito, obediente ao Pai e a todos os seus mandamentos. E em nenhum momento ele foi tocado pelo pecado. A bíblia diz que o homem deve amar a sua esposa do mesmo modo que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. Agora, por que houve essa inversão de valores no meio da Igreja? Por que o homem tem buscado satisfação e andado à "vista dos seus olhos", desprezando os verdadeiros valores ensinados pelo Senhor? Vejamos no decorrer da lição.
1. Matrimônio e vida sexual
Tudo o que Deus criou tem um propósito. Qual o propósito do sexo?
1.1. Deus criou a sexualidade
Quando se fala em sexualidade as pessoas pensam apenas em corpos se unindo, mas nunca que há uma ligação mais profunda em termos de alma: mente, vontade, emoção. O homem é um ser triuno: ele tem espírito, alma e corpo. Através do corpo a pessoa se relaciona com o mundo externo, com outros seres e experimenta sensações (através dos cinco sentidos). Na alma o homem experimenta as maiores guerras: mente, vontade e emoção, muitas vezes são um turbilhão incompreensível.
A mente, como já disseram, é um campo de batalha. Nela encontramos a razão, que deve direcionar as ações humanas com base naquilo que acreditamos, aprendemos, vivenciamos; ou nos tornamos seres irracionais, totalmente dominados pela própria vontade. A vontade é extremamente caprichosa, enganosa e precisa ser dominada desde a mais tenra idade, em todos os âmbitos da vida. Para isso criamos limites. Mas Deus também criou limites para a nossa vontade: "Sujeitai-vos, pois, a Deus". Esse sujeitar-se implica escutar, obedecer, submeter-se. Dessa forma, nossa vontade será fazer a vontade de Deus. E não sofreremos as consequências do mal uso da vontade (Ec 11.9). Em relação aos sentimentos, Jeremias 17.9 diz que o coração do homem é enganoso.
Quando Deus formou Eva, ela era parte de Adão, carne da sua carne e osso dos seus ossos. Naquele contexto só havia um homem e uma mulher. Hoje há bilhões de homens e de mulheres na face da terra. Mas mesmo assim, nós só temos uma escolha, um único cônjuge, até que a morte nos separe. Há um propósito nisso. E somente em Cristo podemos cumprir os propósitos de Deus para o casamento. A nossa vontade egoísta, egocêntrica nos leva a buscar novas experiências com pessoas diferentes, ignorando os resultados dessa busca. Isso porque o sexo não se trata de mera cópula. Mesmo para os homens cujos 'mecanismos' parecem automáticos para acenderem suas chamas do desejo, há anseios internos que não podem ser preenchidos por números de parceiras, antes, eles também buscam um 'porto seguro'.
É difícil explicar e, para muitos, parece preconceito. Mas há certa objetificação feminina. E a liberdade sexual pode significar uma prisão interna de solidão, mágoas e rancores. Ninguém gosta de se sentir usado. Mas o sexo livre não liberta ninguém. Muito pelo contrário. A segurança de um matrimônio, de um relacionamento sadio e firme ainda é uma busca para quase a maioria das pessoas.
Vejamos como os nossos sentidos funcionam nessa busca:
a) Visão - Os nossos sentidos alimentam a alma e a nossa alma pode ter anseios que nos afastam de Deus. Os nossos olhos são considerados a janela da alma. Vejamos o exemplo de Davi. Como rei, poderia ter a mulher que quisesse, mas ao ver Bate-Seba a desejou, mas ela lhe era proibida por ser casada, mesmo assim, Davi preferiu pecar contra Deus. Sansão não viu os propósitos de Deus cumpridos em sua vida (mesmo que enganosamente algumas pessoas achem que não morrerão enquanto Deus não cumprir todos os sonhos em sua vida) porque viu uma mulher dentre os filisteus (uma nação inimiga do povo de Deus, logo, uma mulher proibida para Sansão), e conhecemos o triste fim de Davi, e toda sua família, e de Sansão, morreu cego, traído pela mulher que amava - que não era sua esposa filisteia, que também o havia traído, junto com seus inimigos, no templo de seu deus. Os olhos viram e o coração desejou. Até então não havia pecado. Mas quando consumado, gerou a morte de Davi e de Sansão. Há muitos outros exemplos na Bíblia, cujos homens deixaram-se levar pelos seus olhos. A pornografia e a imoralidade nada mais são do que meios de prover aos olhos um alimento mortal para a alma.
Se os nossos olhos forem bons, todo o nosso corpo será luminoso. Porém, se forem maus, estaremos em densas trevas. E cada vez mais sentiremos fome, teremos desejos daquilo que supostamente nos tornam felizes. Mas a felicidade verdadeira só pode ser experimentada por aqueles que aprenderam a depender do Senhor em todas as áreas da vida. Se o Senhor é a sua alegria e o seu prazer, você não vai depositar no cônjuge a responsabilidade de fazer você feliz, principalmente no sexo. Daí não precisará recorrer a meios externos e estranhos e nem a mulheres estranhas, como diz o contexto do texto de referência, em Provérbios - sugiro que faça uma leitura completa.
Colocar no outro a responsabilidade de nos satisfazer e de nos tornar felizes é o que mais nos torna infelizes, achando que agradando o outro, fazendo coisas que não agradam a Deus, trará felicidade no casamento. Pior ainda, quando um se anula querendo agradar o outro.
O casamento está relacionado a três coisas importantes: maturidade, compromisso e sexo. Mas em obediência a Deus (Gn 2.24). Com fé, convicção e disciplina.
Sugestão de leitura: Para homens: "A batalha de todo homem" de Stephen Arterburn e Fred Stoeker.
b) Olfato - O perfume natural foi desenvolvido para estimular o desejo não apenas por sexo, mas pelo alimento também. Vários estudos científicos já comprovaram isso. Para alguns cientistas, é provável que o cheiro característico seja uma impressão digital de cada ser. Ele alimenta o cérebro com informações tão importantes que é fascinante que, mesmo após décadas, uma pessoa pode recordar-se de cheiros da infância. São sensações tão reais que às vezes buscamos nos alimentos o sabor da infância, dos momentos que experimentamos sensações que nos deram algum tipo de prazer. Não é algo consciente. E os flashes que se seguem durante a vida são despertados de modo igualmente inconsciente.
Não é à toa que os perfumes sempre trazem marcas e imagens de mulheres exuberantes, homens sensacionais, cenas entre casais que estimulam a criatividade de centenas de outros, a fim de despertar o desejo. Muitas lojas investem pesado em ambientes decorados, limpos e com cheiros que dá vontade de entrar e ficar ali. Nem sempre os casais cristãos investem em perfumes, uma vez que não são baratos. Mas antigamente, no período bíblico, as mulheres tomavam banho com águas aromatizadas com pétalas, chás e óleos essenciais. Era uma grande preparação para o casamento. Esses produtos atualmente são bem mais baratos e proporcionam igualmente um cheiro agradável. Muitas mulheres não são estimuladas a comprar perfumes e investir em si mesmas por má interpretação de textos bíblicos. Algumas religiões proibiram no passado o uso de perfumes e até de sabonetes por parte de membros de sua comunidade. As mulheres eram impedidas de se depilarem e, até hoje, as mais velhas ainda sofrem com esse tabu. Mas isso prova que a ignorância vai além dos tempos. As pessoas erram por não conhecerem a verdade.
Claro que as mulheres do mundo fazem isso. Elas são sensuais, vestem roupas que exibem corpos bem definidos, alimentam a visão e o olfato masculino. Se chegam mais perto, usam o olhar e as palavras para despertar neles o desejo sexual. Muitos caem em suas ciladas. Alguns se arrependem depois, mas as marcas do adultério deixam na alma, tanto daquele que caiu quanto de seu cônjuge e filhos, impressões indeléveis. A mulher cristã é mais difícil se deixar seduzir. Mas muitas vezes ela não encontra no esposo a proteção, o carinho, a atenção que ela anseia e que o 'Ricardão' tem de sobra. Todos, na verdade, teriam uma desculpa para justificar-se do fato de entregar-se a um estranho, no caso da mulher, ou a uma estranha, no caso do marido. E a culpa sempre é do outro. Mas a fraqueza é individual, assim como a decisão. E a bíblia diz que devemos vigiar. Todos os que estão de pé podem cair se não vigiarem. E a queda será como daquele homem que construiu a sua casa na areia, e grande foi a sua ruína. Só os que constroem a sua casa na Rocha, que é Cristo, cavando bem fundo, buscando auxílio, resposta, direção, conselho e abrigo nele, podem resistir às tempestades que surgem contra o casamento, contra a família, contra cada um individualmente.
c) Audição - Quem não gosta de palavras ditas ao pé do ouvido? Declarações de amor, palavras doces e de carinho. Quando ouvimos a voz da pessoa amada, o coração dispara, a pupila dilata, a respiração aumenta, começamos a suar e, pronto!, basta um gesto e já nos entregamos. Assim, simples deveria ser a relação entre marido e mulher. Mas a dureza da vida, do trabalho, do dia a dia, dos problemas enfrentados, das questões mal resolvidas, do ciúme, das coisas mal esclarecidas, tudo isso serve de barreira para que a mulher não se abra ao seu esposo. O acúmulo dessas coisas ao longo dos anos torna a relação quase sufocante. O jeito é trabalhar todas as coisas na medida em que acontecem. Jamais levar os problemas para o quarto. Mas quando não há carinho por parte do esposo, a mulher pode não corresponder ao que se espera. O resultado é uma relação fria. Sexo por obrigação e, por fim, o distanciamento.
d) Tato - O toque, as carícias, pele com pele. Vale a pena investir em óleos perfumados para massagens mútuas.
1.2. O casamento e a vida sexual
A lição 02 falou sobre alguns princípios importantes para o casamento. Um deles é o da unidade. Unir é o mesmo que colar. Não são mais dois, ambos são agora uma só carne. Em Malaquias, o profeta registra um lamento do Senhor porque os israelitas estavam repudiando suas esposas e casando com mulheres de nações estranhas à aliança. Nos versículos 15 e 16 do capítulo 2 diz: "E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto, guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio [isto é, o divórcio], e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o Senhor dos Exércitos, porquanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais".
A deslealdade no casamento, assim como o divórcio, é totalmente abominável ao Senhor. O homem e a mulher só se separam por sentimentos de puro egoísmo de ambos. Claro que há casos e casos. Mas, no meio cristão, muitos líderes estão se divorciando e buscando mulheres mais jovens, mais modernas e mais bonitas como companheiras. Estão deixando a mulher de sua mocidade. Embora todos tenham um motivo, Jesus chamou de "dureza do coração". O ser humano é altamente egoísta e busca, quase sempre, seus próprios interesses, até mesmo quando serve ao Senhor.
A maioria dos casais não apresenta maturidade, independentemente da idade. A maturidade do cristão nada tem a ver com a idade. Um cristão maduro, experimentado, suporta as provações, as tentações e mantém seu foco no Senhor.
Quando eu vejo o mar e as ondas que vão e veem, e as águas que alcançam as areias da praia, lembro-me da promessa do Senhor quando comparou a descendência de Abraão com a areia. Tão numerosa quanto. Mas há outra particularidade que me chamou a atenção no mover das águas sobre ela. Por maior que seja o volume, a areia permanece inalterada. Se uma onda faz uma protuberância, a próxima, com certeza, vai desfazê-la. Mas eu nunca vi uma rocha, por mais firme e resistente que fosse, permanecer a mesma com o bater das ondas. A rocha vai sendo tocada e moldada. Jesus é a rocha. Um cristão que faz a sua casa na rocha, isto é, em Cristo, sabe que as águas do mar, ou seja, as adversidades da vida, sejam elas naturais ou provocadas, moldarão o seu caráter se ele estiver em Cristo. Mesmo que a tempestade não possa derrubar a casa, a rocha não permanece a mesma. A nossa vida conjugal não será a mesma se deixarmos ser moldados pelas adversidades, e vermos nela as mãos do Senhor trabalhando em nós. Relacionamento é difícil, complicado, mas o trabalho vale a pena. Mas aqueles que se arriscam em construir sobre a areia, terão a casa despedaçada, e grande ruína. Um laço matrimonial desfeito causa traumas indizíveis. Só quem passou pela experiência sabe o quão difícil é superar. Os laços matrimoniais sem uma base firme, sem a terceira dobra do cordão (Eclesiastes 4.12) não há resistência suficiente para que o compromisso seja firme e inalterado, por toda a vida.
1.3. O ato sexual
Algumas pessoas têm o sexo como algo pecaminoso. Mas dentro do casamento, ele é uma bênção, prazeroso e muito abençoado. Deus fez o homem e a mulher. Fez os órgãos sexuais, assim como os demais órgãos do corpo humano. E esse talvez seja o de maior prazer para o casal. Não apenas para o homem. Embora para ele seja sempre prazeroso quando experimentado no seio de sua mulher amada.
2. Dois numa só carne
Essa é uma tarefa que cabe aos dois no casamento. Tanto o homem quanto a mulher são responsáveis por manter acesa a chama do desejo entre eles. A intimidade do casal não começa na cama. Mas é um processo que dura o dia todo. Quando o marido é carinhoso, e tem na mulher o centro de suas atenções, como no início do relacionamento, ele vai tocar na alma dela e ter a atenção dela para ele. Quando a mulher toca a alma do homem, ela igualmente ganha seu amor para sempre.
O filme "À prova de fogo" é um bom exemplo de um casamento que quase virou cinzas. O marido era viciado em pornografia. Ficava até altas horas vendo sites impróprios. Ele juntava um dinheiro e queria comprar um barco. Era seu sonho, mas não era o que o casal precisava. Ela estava sobrecarregada. Trabalhava fora, em casa e ainda ajudava a mãe que tinha sofrido um derrame e estava acamada. Linda, mas carente da atenção do marido, logo começou a ser assediada no trabalho por um médico que escondia a sua própria condição de casado. Aquele jovem tinha um Pai que cuidava dele e um grande pai terreno também. Ele deu bons conselhos ao filho quanto ao que fazer para recuperar o amor de sua mulher. Quando tudo parecia perdido, lá estavam ambos no altar, renovando os votos matrimoniais.
O descuido pode ser uma grande aliada do inimigo para destruir nosso casamento, nossa alma, nossa comunhão com o Senhor. A infidelidade não é uma pedra no meio do caminho que algum desavisado pode tropeçar. É uma semente que brota e cresce diariamente. Quando o ato chega a acontecer, no coração, já houve o adultério, porque aquela semente já cresceu o suficiente para bloquear o bom senso, o pensamento nas consequências e nos danos causados por ele.
Quase a maioria dos homens acha que o sexo feminino começa na cama. Ledo engano. Se a mulher tiver no marido um cúmplice dos sentimentos que sente por ele e for correspondida, se ao longo do dia ele a tratar com carinho e dedicação, se ele se interessar por ela, por suas coisas, por seus problemas e não apenas pelos minutinhos que ele quer com ela na hora h, ela não vai precisar de nenhuma preliminar. Aliás, para muitas, esse momento não passa de prolongamento de um suplício. Carinho de um homem que só quer sexo, é o mesmo que ser tratada como prostituta. Daí não precisa preliminar, nem beijo na boca. É só acabar logo com isso!
Mulher tem alma que precisa ser tocada, não apenas o corpo. Tem mecanismos que disparam o desejo, mas sem se sentir amada, tudo vai ser mecânico e obrigatório mesmo. Daí os homens reclamam que as mulheres não são carinhosas, que não gostam de sexo. Na verdade, gostamos, sim. Mas ninguém quer ser tratada como uma qualquer. Se qualquer uma serve. Então não precisa de esposa. A gente quer se sentir especial, amada e desejada. Como no início do relacionamento. Mas esse é um trabalho conjunto. Ele nunca vai saber disso se a gente não disser pra ele. Então, cultivemos nas nossas diferenças o diálogo.
Quando a pessoa se casa, é natural que se envolva com coisas muito práticas do dia a dia. As responsabilidades oriundas no casamento são muitas. Muitos casais deixam de sonhar ou, quando um dos dois sonha não inclui o cônjuge em seus sonhos. Quantas vezes muitas decisões importantes são tomadas sem sequer consultar o outro, mas as consequências envolvem toda a família. Mesmo que a decisão final não seja dos dois, seja, em boa parte do marido, a mulher deve ser consultada, principalmente quando a decisão vai incidir diretamente sobre seu futuro.
Por exemplo. Quando meu marido passou num concurso no estado do Tocantins, ele era concursado em Goiás e eu tinha um trabalho como professora universitária. Como eu trabalhava apenas algumas horas por semana, e à noite, não mais do que das 18.30 às 21.30, quando já estava em casa, e ele ficava com as crianças, eu ajudava nas despesas e tínhamos certa independência financeira. Eu sempre fui mais controlada em termos de finanças. Mas então, para acompanhar os pais no tratamento de uma irmã com esquizofrenia, ele fez esse concurso para sua cidade natal. E, sem me consultar, ou sem ponderar as consequências de ele trabalhar sozinho para mantermos nosso padrão de vida, ele assumiu o cargo. Eu, ainda de licença maternidade, tive que pedir demissão da faculdade. Abri mão do meu direito de me aposentar, de trabalhar, já que na cidade para a qual nos mudamos não havia faculdade, para cumprir meu papel de esposa e estar ao lado dele, com nossos filhos. Hoje após alguns anos essa decisão tem sido um grande fardo. A nossa vida financeira despencou. Como ele controla as finanças, vivemos endividados e perdemos até nosso carro, que conquistamos juntos.
Agora ele precisa arrumar outro trabalho para compensar a falta do meu trabalho. O resultado é que passará mais tempo fora de casa. Estará mais ausente de mim e dos filhos. Eu não tenho parentes na cidade e até os pais dele voltaram para Goiás. Ficamos praticamente sós. Claro que o Senhor me abriu portas no meu ministério. Mas elas nunca estiveram fechadas em Goiás também. Essas tomadas de decisão por parte dele sempre têm sido motivos de brigas. Porque eu e as crianças sofremos as consequências também. Quase não vejo minha família. Quando tenho que fazer tratamento de saúde, preciso viajar quase 600km. E quando envelhecermos e as necessidades de médicos forem maiores? E, pelo visto, nossa vida financeira ainda levará anos para ficar estabilizada. Perdi até o carro que eu usava para fazer trabalho de evangelismo nas fazendas. E como eu amo esse trabalho. Amo estar perto das pessoas, falar de Jesus para elas, cantar hinos tocando violão. Isso me torna feliz, apesar da distância que vivo dos meus familiares. Os meus sonhos? Acho que deixei de tê-los há muitos anos. Minhas experiências? Só as pessoas que passam pelo que eu passei que se interessam em meus conselhos. Então, a vida conjugal vai ficando sem graça. Pra não morrer de vez, a gente precisa se esforçar para encontrar novos sonhos e novas experiências juntos. Pelo menos dialogamos muito. E encontramos apoio um no outro. Senão, a convivência seria impossível.
Conseguimos permanecer juntos, apesar das dificuldades por causa da honestidade e transparência que temos em relação ao que sentimos. Nossa afetividade, nossas limitações, fraquezas, defeitos, conversamos sobre tudo isso e nos esforçamos para nos ajudar e servirmos como suporte um do outro. Eu amo a frase em inglês para ajudar: "I support you". Esse suporte, essa ajuda é muito importante no casamento e fortalece os laços.
2.3. Respeitar-se mutuamente
Respeito talvez seja o que há de mais ignorado pelas pessoas da atualidade. Ninguém respeita ninguém. Os filhos devem respeitar os pais, mas os pais também devem demonstrar respeito pelos filhos. Devemos ensinar que o respeito é algo que devemos para com as pessoas, independente da idade, do sexo, da religião, da cor, da classe ou posição social. E no casamento, quando se perde o respeito, o resto já era. O conceito moderno é você diz o que pensa, o que sente, o que quer e não importa o tom, ou pra quem você diz. Tem gente que diz que isso é dizer "verdades". Mas para mim não passa de desrespeito. Uma pessoa que não se respeita não terá o respeito de outra pessoa. Simples assim.
Eu fiz algumas palestras para jovens em escolas sobre diversos temas. E usei como ilustração os 'quadrados' que continham no piso. Coloquei uma pessoa em cada quadrado e expliquei o que significava respeito, direitos e como tratar o outro. Todos temos o nosso quadrado na vida. Quando eu desrespeito alguém, estou invadindo o espaço dele. Ter liberdade de expressão não significa que tenho que ofender alguém, já que não quero ser ofendida. Também não significa não dar ao outro o direito de pensar diferente de mim, já que somos diferentes, fomos criados em ambientes diferentes por pessoas diferentes, lidamos com problemas de modo diferente (isso é subjetivismo) e percebemos o mundo de forma diferente também. Então, nas nossas diferenças, podemos ser formados, moldados, e transformados em pessoas que sabem conviver umas com as outras. De que adianta sair atirando para todo lado e no final sobrar só eu no meu mundo? Somos, primeiramente, seres sociáveis, agimos de acordo com a razão. Isso nos diferencia dos demais animais. Se os animais vivem em grupos, nós também temos nossos grupos, nós não precisamos imitar os animais e exterminar os demais grupos. A sobrevivência deles não depende da minha extinção. Isso é respeito.
No casamento, às vezes um se anula e prol do outro, ou, na pior das hipóteses, um trata o outro como se ele fosse nada. E temos nosso valor diante de Deus e também dos homens. Se nosso caráter precisa ser moldado, e com certeza ele precisa sim!, esse é o papel do Espírito Santo que Deus nos enviou.
3. Princípios para uma intimidade sadia
A gente não pode fazer o outro feliz, mas pode proporcionar momentos especiais que farão a pessoa crescer sem a dor que isso causa naturalmente.
3.1. Um amor cuidadoso e protetor
Quais ingredientes? Cuidado, carinho, atenção e serviço.
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