Isto está encoberto aos seus olhos!
No dia da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém,
Jesus contempla a cidade e chora sobre ela, dizendo: "Ah! se tu
conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora
isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os
teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de
todos os lados; E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti
estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o
tempo da tua visitação". [Lc 19:42-44].
No momento do julgamento de Jesus, antes da sua
crucificação, os judeus disseram: "Disse-lhes Pilatos: Que farei então de
Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado. O presidente,
porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja
crucificado. Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto
crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou
inocente do sangue deste justo. Considerai isso. E, respondendo todo o
povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos
filhos". [Mt 27:22-25]. Que terrível sentença pesava sobre eles. Jesus
havia predito, isso estava encoberto aos olhos de todo o povo. Não viram nada
por causa da mentira dos fariseus. Odiaram o Senhor sem causa. (Sl 35:19; Sl
38:19; Jo 15:25).
Triste e terrível ameaça predita contra eles. Dias
virão sobre ti. Dias este que faz estremecer até o mais insensível coração
humano nos tempos atuais, se pudesse contemplá-los, mesmo por meio da leitura.
O grande e majestoso templo erigido pelo rei Salomão e que havia sido destruído
por Nabucodonosor, reconstruído por Zorobabel e outros, nos tempos do profeta
Ageu, no ano 70 d.C, torna a ser destruído, incendiado, não restando pedra
sobre pedra que não fosse derribada. Sobre isso, o historiador Flávio Josefo
disse o seguinte:
De todas as desgraças às quais foram submetidos os judeus, o sangue que caíra sobre as suas cabeças ainda não havia se esgotado. E a matança prosseguia, enquanto o número de mortos pela guerra, peste e fome subia assustadoramente [...]"Embora não se possa saber, sem pesar, da destruição do edifício mais esplêndido que jamais existiu em todo o mundo, quer pela sua estrutura, sua magnificência e suas riquezas, quer pela sua santidade, que era como o cúmulo de sua glória, há, entretanto, motivo de nos consolarmos, se considerarmos a necessidade inevitável do fim, que depois de um certo número de anos sobrevêm à vida de todos os animais; assim, não há nada sob o sol cuja duração seja perpétua. Quando o fogo devorava o Templo, os soldados furiosos saqueavam e matavam todos os que encontravam. Não perdoavam nem à idade, nem à condição. Os velhos e as crianças, os sacerdotes e os leigos, eram todos passados a fio de espada; todos eram envolvidos nessa matança geral e os que recorriam aos rogos não eram tratados com mais clemência do que os que tinham a coragem de se defender até o fim; o gemido dos moribundos misturava-se com o barulho do crepitar das chamas, que avançavam sempre e o incêndio de tão grande edifício, situado num lugar elevado, fazia, aos que o contemplavam de longe, pensar que toda a cidade estava sendo devorada pelas chamas.Nada se poderia ouvir de mais horrível, do que o ruído que ecoava pelo ar, em todas as direções. Não se pode imaginar o que faziam as legiões romanas, tomadas de furor; os gritos dos revoltosos, que se viam envolvidos de todos os lados pelas armas e pelo fogo misturavam-se com as queixas e lamentações do pobre povo, que estava no Templo e que levado pelo desespero, ao fugir, atirava-se nos braços dos inimigos; vozes confusas elevava até o céu a multidão que estava no alto do monte fronteiro ao Templo, contemplando o horrível espetáculo. Aqueles mesmos que a fome tinha reduzido aos extremos, aos quais a morte estava prestes a fechar os olhos para sempre, percebendo o incêndio do Templo, reuniam todas as suas forças para deplorar tão grave desgraça; os ecos dos montes vizinhos e da região que está além do Jordão multiplicavam ainda esse barulho horrível. Por mais espantoso que fosse, porém, os males que causava eram-no ainda mais. O fogo, que devorava o Templo, era tão grande e violento que parecia que o mesmo monte sobre o qual estava situado ardia todo inteiro. O sangue corria em tal quantidade que parecia querer competir com o fogo, quem se estenderia mais. O número dos mortos era muito maior que o daqueles que os sacrificavam à sua cólera e vingança; toda a terra estava coberta de cadáveres; os soldados pisavam-nos, para poder continuar a perseguir os que ainda tentavam fugir. Por fim os revoltosos organizaram tão violento ataque que repeliram os romanos, chegaram ao Templo exterior e de lá retiraram-se para a cidade".
Comentários
Postar um comentário