Preservando a ética no matrimônio

Quando se fala em ética, poucas pessoas têm em mente que ela se aplica a todas as áreas da vida. Porque está relacionada aos valores que aplicamos à conduta moral. No matrimônio não é diferente. Uma pessoa que expõe o cônjuge ao ridículo, ridiculariza a si mesma. Porque ambos são uma só carne. Vejamos alguns aspectos da ética, para então podermos falar um pouco sobre sua aplicação no casamento.

A ética, primeiramente, não deve ser confundida com a moral. Leonardo Boff já admitia ser a moral a regulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, uma certa tradição cultural etc. Há morais específicas, também, em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um partido político, entre outros. Há, portanto, muitas e diversas morais. O que significa dizer que uma moral é um fenômeno social particular, que não tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de ética. 

Moral identifica um modo de agir humano, regido por normas e valores, por hábitos e costumes. A moral se relaciona com o comportamento prático do homem. Ética é uma reflexão teórica que analisa, critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral. Desse modo:


• Ética é princípio; moral são aspectos de condutas específicas;

• Ética é permanente; moral é temporal;

• Ética é universal; moral é cultural;

• Ética é teoria; moral é prática.


Desse modo, com clareza, posso admitir que o viver cristão deve ser pautado na ética e moral cristãs, e não no sistema mundano de comportamento e de ética [ou da falta dela]. Segundo João Calvino, a ética cristã está relacionada aos atributos humanos herdados de Deus. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus em questões éticas e morais, desse modo, o homem poderá compartilhar atributos divinos como o amor, a justiça, a santidade, a autodeterminação. E já que a prática do amor, como mandamento de Deus, pode ser expressa na autopreservação e cuidados pessoais, ao determinar na carta aos Efésios aos maridos que amem as suas esposas, Deus utiliza-se de um modelo de amor que é o de Cristo por sua Igreja, um amor que é capaz de se entregar até à morte, para dizer que o homem é capaz de fazê-lo, amar sua esposa e cuidar dela. 

Acredito que guardar ou divulgar segredos não é uma questão de ética, mas moral. A ética se aplica quando eu preservo os segredos a fim de preservar a imagem do cônjuge diante das pessoas. O que se relaciona à questões práticas, de conduta, são os aspectos morais da pessoa. Mas o que motiva o comportamento, sim, deve se pautar na ética cristã. Falar mal é um comportamento abominável por Deus, isso relacionado a qualquer cristão, especialmente, ao cônjuge. Vejamos:

Pv 6:16 Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina:
Pv 6:17 Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,
Pv 6:18 O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal,

Pv 6:19 A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos. 

Há pelo menos três aspectos da conduta que são odiosos aos olhos de Deus e um abominável e que se aplica à pessoa mexeriqueira: língua mentirosa, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre os irmãos. Essa é a intenção real da pessoa que fala mal contra o próximo, jogar as pessoas umas contra as outras.

Os pontos 1 e 2 da lição 8 da EBD (Betel) estão basicamente relacionados a isso. Vejamos o ponto de número 3: Não desqualificar o casamento. Nesse item, ainda podemos acrescentar sobre aplicar 'regimes' [leia-se leis] ao casamento alheios [à Escritura] ao casamento, na verdade, a bússola do cristão deve ser a Bíblia, em quaisquer ocasião e propósitos. Deus não ocultou sua vontade em nenhum aspecto de nossas vidas. No casamento não seria diferente. 

A respeito dos prejuízos causados pela inversão de papéis, os papéis desempenhados no casamento fazem parte de um contrato social entre ambos, mesmo não escrito, em que devam estar de comum acordo. A fim de não causar nenhum prejuízo ao casamento. Há diferentes razões que 'empurram' a mulher para o mercado de trabalho e, muitas vezes, ela passa a ganhar mais que o homem. Se ambos não estiverem na presença do Senhor, e começarem a cultivar mesquinharias, a mulher passará a humilhar o esposo e ele se sentirá o último dos homens, o mais vil, e o casamento passará por crises às vezes difíceis de serem resolvidas. Respeito, amor, confiança, lealdade, vínculos, objetivos comuns e outras coisas devem pautar um relacionamento sadio. Sem isso, qualquer contrato poderá ser anulado. Aí entrarão questões como adultério, divórcio, traição, e não importa mais se é ele ou ela quem trai, porque no mundo moderno, as mulheres estão tão propensas quanto os homens a caírem. Devemos vigiar  e orar a fim de pedirmos ao Senhor que nos revista da sua graça para suportarmos as lutas quando vierem. E que tudo seja para a glória de Deus, inclusive nosso relacionamento conjugal.

Que Deus abençoe sua vida.


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