Cristo como centro de nossa vida: a explicação da maturidade espritual
Antes de ler o texto do amado irmão em Cristo Theodore Austin-Sparks sobre a maturidade espiritual, eu acreditava que ter maturidade era obter o máximo de conhecimento bíblico, me aprofundar nas verdades da Bíblia e ter mais e mais conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Graças a Deus que não é isso. Porque se fosse, com um conhecimento tão raso das Escrituras Santas, com tão pouco acesso aos textos originais [sem querer entrar em discussão sobre a questão da tradução], com apenas alguns momentos diários de leitura, não seria possível chegar ao pleno conhecimento de Cristo, à completa medida do varão perfeito: "até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de
Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo". (Ef 4:13). Outra versão desse texto diz: "Até que todos cheguemos à
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo".
Essa é a medida de Deus para nós: seu próprio Filho. Segundo as palavras do irmão Sparks, "A marca distintiva do verdadeiro desenvolvimento e maturidade espiritual
é esta: que nós tenhamos crescido bem pouco e que o Senhor Jesus tenha
crescido muito mais. A alma madura é aquela que é pequena a seus próprios
olhos, mas em cujos olhos o Senhor Jesus é grande. Isto é crescimento. Nós
podemos saber muitas coisas, podemos ter uma maravilhosa compreensão da
doutrina, do ensino, da verdade, até mesmo das Escrituras, e ainda ser
espiritualmente muito pequenos, muito imaturos, muito infantis. (Há muita
diferença entre ser infantil e ser semelhante a uma criança). O crescimento
espiritual real é somente isto: eu diminuo, Ele cresce. É o Senhor Jesus se
tornando mais. Vocês podem testar o crescimento espiritual através disto".
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, diz no próximo versículo do capítulo 4 da carta aos Efésios: "Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em
roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia
enganam fraudulosamente". Esse é o propósito para o crescimento e amadurecimento do cristão: sermos constantes, firmes, pequenos, mas com uma visão grandiosa de Cristo.
Não se enganem. Mesmo no meio da Igreja, infelizmente, temos homens que enganam com dolo, maquinando o erro contra o próximo, contra a Igreja de Jesus. Para o apóstolo Pedro, esses são os falsos mestres, criaturas irracionais, que introduzem heresias destruidoras, sendo eles próprios feitos para a destruição, porque usam palavras fingidas e fazem do povo de Deus negócio. (II Pe 2:1-3, 12). Esses negam até que o Senhor os resgatou. Não têm entendimento, mas são astutos e conseguem enganar a muitos. Esses homens são cheios de si mesmos, adúlteros, insaciáveis no pecar, engodam almas inconstantes. São apenas essas almas, os meninos na fé, aqueles que ainda não diminuíram para que o Senhor cresça que eles conseguem enganar, porque o Espírito Santo faz com que os escolhidos, aqueles que são humildes e reconhecem que nada são, mas que Cristo vive neles, tenham os olhos abertos e discernimentos sobre o que é de Deus e o que não é de Deus.
Se queremos alcançar a maturidade espiritual, e agradar a Deus, devemos diminuir. Assim como João Batista reconheceu que seu ministério era preparar o caminho para a vinda de nosso Senhor. Era costume antigo que, antes de um rei visitar uma província qualquer, adiante dele fosse um emissário a fim de reparar o caminho, endireitar as veredas para que o rei pudesse passar com comodidade, segurança, tranquilidade. Elias veio, e preparou o caminho para o grande e terrível dia do Senhor (Ml 4:5,6; Mt 3:3). Por isso quando soube que Jesus fazia grandes maravilhas entre o povo, João disse: É preciso que ele cresça e eu diminua (Jo 3:30). Nosso ministério, nosso serviço ao Senhor não pode, de forma alguma, servir de entrave e de tropeço para o serviço e o trabalhar de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele é a essência, a preeminência, a razão de ser do nosso culto, o centro de nosso louvor e adoração. Nas palavras de Sparks, "Se tão somente Ele puder vir ao que é seu, não importa nada se somos
vistos ou ouvidos. Estamos alcançando um lugar, na graça de Deus, aonde ficamos
bem contentes em ser largados num canto, sem ser vistos ou notados, se deste
modo o Senhor Jesus puder vir para o que é seu mais rápida e completamente". Sem ter a pretensão de sermos "instrumentos" para Ele, o simples fato de reconhecermos o lugar que é do Senhor na Sua Obra, faz com que diminuamos e que Ele cresça.
Hoje estamos na era dos grandes nomes, das grandes estrelas e dos grandes astros, dos famosos, mas não dos servos, dos que ficam obscurecidos porque dão lugar ao brilho refletido pelo Senhor. Nessa relação Senhor x servo, o Senhor não pode ser legado ao segundo plano. Ele deve crescer e não importa o quanto tenhamos que ficar de lado, se isso Lhe trouxer glória, honra e louvor, é o lugar dEle que importa. Não o nosso. "É por causa disto que há a necessidade de sermos postos de lado, mantidos
fracos e humildes, para que Ele possa ter a preeminência". Desse modo, assim como o apóstolo Paulo disse, importa que Cristo seja engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. (Fp 1:20 - segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei
confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre,
engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte).
Que Deus abençoe sua vida.
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