5.ª lição da EBD Betel. O amor puro e insondável, proveniente de Deus

Finalmente, o Fruto do Espírito. Lembrando que o Fruto do Espírito aparece no singular porque é apenas um fruto, sendo os demais desdobramentos do primeiro que é o amor

Quando se fala em fruto, pensamos logo numa árvore produtiva. Desde o Jardim, o Senhor tem se preocupado com fruto. Vimos que Deus plantou um jardim com toda a qualidade de árvore que produz fruto (Gn 2:9) e também a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. A árvore da vida nos fala da providência divina para o homem, incluindo a vida eterna. A árvore do conhecimento do bem e do mal nos fala do governo humano, separado da providência divina, cujo fruto produz morte, inclusive, a eterna.

E todos nós como árvores produzimos frutos, ou segundo o Espírito, ou segundo a carne. Havia como estatuto perpétuo aos filhos de Israel a festa do Tabernáculo, também chamada de festa das tendas ou das colheitas, na qual a nação deveria habitar em tendas por sete dias, anualmente, feitas de ramos das árvores frondosas, de palmas (palmeiras), árvores espessas e salgueiros de ribeiras. Ela tinha início quando se recolhia a novidade da terra (colheita) e devia ser feita com descanso, festa e alegria. Então, simbolicamente, a árvore, incluindo os ramos, era um elemento importante na criação, para se celebrar com alegria ao Senhor, após a colheita.

Jesus compara o relacionamento dele com a Igreja (judeus e gentios) como a oliveira. Ele é a raiz e nós os ramos, Israel o ramo verdadeiro e os cristãos (gentios) o ramo enxertado. "Se as primícias são santas, também a massa o é; e se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado no lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás então: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado" (Romanos 11:17-19 - Bíblia Viva). 

O fruto é produzido nos ramos, que devem ser podados para produzirem mais, mas é a raiz quem sustenta tanto os ramos como os frutos. A seiva fala da vida do Espírito em nós. Sem essa vida não podemos produzir frutos bons. E a Bíblia diz que pelos frutos conheceremos a árvore. Agora vejamos o que a Bíblia diz sobre o fruto do Espírito, o amor.

Logo no capítulo 12 da epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo ensina sobre o ministério, sobre o serviço na casa do Senhor, comparando com o corpo humano. E no versículo 9 parte "a" ele lista o amor como um desses serviços: "O amor seja não fingido". No 10, ele diz: "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros". Ora, o segundo mandamento que Jesus nos ensina é o Amor. E eu vou mais longe ainda em afirmar que se conseguirmos cumprir os dois mandamentos que Jesus nos deixou, cumpriremos toda a Palavra. Vejamos o que diz o apóstolo Pedro em sua segunda epístola: "Graça e paz vos sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência o domínio próprio, e ao domínio próprio a perseverança, e à perseverança a piedade, e à piedade a fraternidade, e à fraternidade o amorPorque, se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pelo que estarei sempre pronto para vos lembrar estas coisas, ainda que as saibais, e estejais confirmados na verdade que já está convosco. E tendo por justo, enquanto ainda estou neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações". (II Pedro 1:2-13). Se quisermos ser frutíferos, temos que observar esses ensinos em amor.

Vejamos a lição: "Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo". Lucas 10:27.

1. Amor: Um dom divino. Nos versículos da carta de Pedro citada acima, o apóstolo diz que com o seu poder Deus nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude. Aqui entendemos a importância do conhecimento pleno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, sua vida e piedade. Por esse conhecimento entendemos que o amor só pode ser exercitado por aqueles que o recebem da parte de Deus. 

1.1. O amor identifica o servo de Cristo - Jesus disse que se permanecermos nas suas palavras, somos seus discípulos. O discípulos são aptos a fazer as mesmas obras que o Mestre realiza. E uma das maiores obras realizadas em prol do ser humano está relacionada ao amor: João 3:16. Deus foi capaz de dar o Seu Filho Unigênito em prol da humanidade. Fé, virtude, ciência, domínio próprio e perseverança estão relacionados com o nosso viver na presença de Deus, nossa conduta no viver espiritual, é o meu eu em relação a Deus e às suas promessas; mas a piedade (o exercício da misericórdia), a fraternidade (relacionamento entre irmãos) e o amor são exercícios do nosso viver relacionados ao próximo. Se isso abundar em nossa vida, não estamos infrutíferos. Falando do fruto que alimenta. Se estamos em Cristo produzimos amor.


1.2. Amor, essência do evangelho - Novamente Jo 3:16. Há quem diga que esse é o versículo mais importante de toda a Escritura Sagrada, embora não se possa separá-lo de toda a história da Criação, da ação divina e sua providência sobre o pecado humano e do trabalhar do Espírito Santo em nós. Romanos 5:5 diz: "E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado". (Bíblia de Estudo Plenitude) - amor: 'ágape', incondicional, refere-se à vontade, não à emoção. Deus nos deu uma pequena porção desse amor, isto é, a capacidade de amar o próximo de maneira generosa. "Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (I João 4:10). Ele nos amou e deseja nos aperfeiçoar nesse amor. Paulo escreveu aos Colossenses 3:14: "E, sobretudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição". Geisler e MacDowell escreveram , "o dom do amor humano, embora claramente generoso e centrado nos outros, é sempre qualificado. Deixados por nossa própria conta, somos incapazes de amar como Deus ama. Amamos aos que achamos de alguma forma dignos de amor. Amamos aos que são gratos e merecedores ou àqueles cujas necessidades nos comovem. No amor ágape humano, podemos amar da melhor maneira humana possível". O dom do amor que habita em nós e que opera em nós e através de nós mesmos nos capacita a amar incondicionalmente (apesar de). Por exemplo, Jesus nos ensina a amar os nossos inimigos, porque amar os amigos, os parentes e familiares é fácil, mas amar quem nos fere, quem nos oprime, quem nos odeia não é tão simples. Aqui é que entra a verdadeira essência do evangelho: o amor ágape, incondicional, que nos capacita a amar aqueles que nos perseguem, que são nossos inimigos, enfim.
 


1.3. Amar pregando o evangelho - Na primeira carta aos Coríntios, Paulo escreveu: "Todas as vossas obras sejam feitas em amor". (16:14). Esse é o amor ágape. Uma forte característica do amor ágape é que ele não é bajulador, mas envolve disciplina: "Deus é o Pai amoroso perfeito, todavia, "o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe" (Heb. 12:6). Provérbios 13.24 declara: "O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina". O amor não se mostra brando com os malfeitores, deixando de corrigir os erros. O amor confronta os que se desviam – um filho desobediente, um empregado preguiçoso, um membro de igreja envolvido em pecado evidente, um chefe desonesto – porque este tipo de amor irá na verdade protegê-los das penosas consequências de sua atitude eirada. O amar aceita o ofensor, mas rejeita firmemente a ofensa. Por exemplo, o amor por um amigo ou parente viciado pode fazer com que você o conduza a um tratamento, ainda que seja contra os próprios desejos dessa pessoa". (Geisler e MacDowell - Amar é sempre certo). O amor também pode ser duro: "Jesus, a personificação do amor de Deus, demonstrou ira contra os seus inimigos (Mar. 3:5), atacou verbalmente os hipócritas (Mat. 23) e expulsou fisicamente do templo os mercadores cobiçosos (João 2). O amor pelo seu chefe pode exigir que você, ao confrontá-lo por causa de um negócio escuso, arrisque o seu emprego. O amor pode requerer que você discuta com uma autoridade civil ímpia que esteja desviando a comunidade do caminho moral. O amor divino é paciente e bondoso, mas pode ser tudo, menos fraco e subserviente. Ele pode ser duro quando necessário, a fim de proteger uma pessoa e provê-la de algo".
  
2. Compartilhando o amor - Deus quis compartilhar do seu amor conosco. Nós, seres imperfeitos, aos quais ele deseja aperfeiçoar mediante o trabalhar contínuo do Espírito Santo, por meio da fé, através da Palavra de Deus. Ele nos amou primeiro e deseja que, como seus filhos, tenhamos a mesma disposição de amar, não apenas os da fé, não apenas os irmãos, mas todos.

2.1. Relacionamentos comprometidos - sem amor não há relacionamentos interpessoais que resistam às intempéries da vida. Mas não devemos ser ingênuos a respeito das crenças mundanas. O amor bíblico não é o mesmo amor que as pessoas pensam viver. E muitas vezes elas não estão dispostas a aceitarem o tipo de amor que a Bíblia ensina. Por isso os relacionamentos fracassam. Por isso as pessoas fracassam. Em I Co 13:8 diz: "o amor nunca acaba [essa é a tradução usada pela Bíblia Viva. As outras traduções dizem: o amor nunca falha, mas não é a tradução correta do termo original]". E o versículo 13: "Agora, pois permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor.".

2.2. O esfriamento do amor - Mt 24:12 diz: "E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará". O vocábulo original da palavra iniquidade é 'Avon' e significa maldade, erro, pecado, culpa; enfermidade moral, perversão, desonestidade. 'Avon' é derivado de 'Avah' que significa inclinar ou distorcer. Desse modo, iniquidade passa a significar a inclinação má dentro do ser humano, ou direção tortuosa, ações deformadas. Notamos essa conduta atualmente na sociedade de modo geral. Eles não aceitam a verdade contida na Bíblia. Desse modo, desafiam os crentes o tempo todo nos acusando de 'intolerantes'. No versículo 9 Jesus havia advertido aos discípulos de que por causa do nome dele nós seríamos odiados por todas as gentes. E não apenas isso. Há muito que a Igreja se voltou tanto para os problemas seculares, para as militâncias políticas, para a teologia da prosperidade e deixou de ensinar os verdadeiros princípios que edificam o corpo. As doutrinas bíblicas deixaram de ser ensinadas, praticadas, vivenciadas no meio da Igreja e as novas gerações têm enfrentado sérias consequências. O amor se esfriou, mas também há outras perigosas armas que o inimigo tem usado para derrotar, enganar a muitos: os falsos profetas, os falsos mestres, as falsas doutrinas, os ensinos misturados. Não é de se admirar a apostasia desses dias.


2.3. Difundindo o verdadeiro amor - Na atualidade as pessoas estão relativizando muitos princípios ensinados pelo Senhor Jesus e seus discípulos na Bíblia. A verdade pregada é universal, não como as águas passageiras de um rio, ou como o modismo que invade cada estação. Desde sempre os princípios morais foram fundamentados num fundamento no qual não há mudança e nem sombra de variação (Tiago 1:17). Deus não muda. A verdade também não. Cristo é a Verdade. Não há como servir a Cristo e a qualquer outro senhor, seja ele quem for. A Igreja só poderá difundir algo que ela tenha enraizada em sua própria essência. Se nela houver amor, então as pessoas vão acreditar nela. Se ela prega amor, mas não vive isso na prática, as pessoas se afastarão de Deus. Tão certo quanto afirmar que luz e as trevas são completamente distintas.

3. Lições práticas - Essa é a maior preocupação de todos os apóstolos que deixaram algo escrito para seus seguidores [de Cristo], a prática da fé cristã. Jesus mesmo disse que enviaria o Consolador, o Espírito da Verdade que não falará de si mesmo, mas fará com que os discípulos se recordem de todas as palavras que Jesus ensinou. João 14:26. Foi nesse sentido que Tiago, movido pelo Espírito Santo, disse: a fé sem as obras é inútil (2:20).

3.1. Os benefícios do amor - primeiro: crescimento da Igreja, o corpo de Cristo. Não consigo perceber qualquer outro benefício anterior a este: Efésios 3:16-19: "para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior; que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amorpossais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus".
A revelação de Cristo ao mundo: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros". João 13:35.
Para o nosso próprio crescimento: "E o Senhor vos faça crescer e abundar em amor uns para com os outros e para com todos, como também nós abundamos para convosco" I Tessalonicenses 3:12.

3.2. A prova do amadurecimento - Em Romanos 13:7-14 está escrito: "Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei. Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei. E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências". Essa é a prova que temos o fruto do Espírito em nós. E frutificamos para a vida.

3.3. Ganhando almas pelo amor - Não consigo visualizar uma pessoa que ganha alma sem amor. Contudo, temos que nos mover. O amor de Deus deve nos mover em direção ao outro. Temos que ter amor para fazer discípulos. Temos que amar, para depois dizer que amamos a Deus. Um planta, outro rega, mas quem dá o crescimento é Deus (I Co 3:6). Não devemos nos esquecer que é o Espírito Santo quem convence o pecador (Jo 16:8).

Devemos frutificar, primeiro, porque estamos em Cristo. Se estamos nele, ele está em nós. E se Cristo está em nós, fazemos as obras que ele faz. Então nosso viver deve refletir isso. E o primeiro fruto, o amor, se manifestará em nossas ações, atitudes, em nosso próprio viver.

Deus abençoe sua vida.


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