A benignidade é a disposição em fazer o bem a todos

Lição 9 da EBD Betel. Texto Áureo: "E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar". Lc 10:35. 

Por meio da Parábola do Samaritano, Jesus demonstra que o nosso próximo pode ser qualquer pessoa que precise de nossa ajuda, inclusive um inimigo. Podemos ler em Colossenses 3:12: "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade". Vestir-se é um ato deliberado. Não é algo que 'acontece', escolhemos vestir, o que vestir, como e quando e, simplesmente, nos vestimos. A benignidade na vida do crente tem que ser algo assim, deliberado, nós escolhemos ser benignos. Nós escolhemos, como filhos de Deus, santos e amados, fazer o bem e satisfazer a vontade do Espírito. Pela Parábola aprendemos que os perigos podem nos acontecer em qualquer lugar, ou às pessoas a nossa volta. É sempre bom ter uma mão estendida no tempo oportuno. É sempre bom estender a mão no tempo oportuno.

1. Benignidade: Amor sem medida

Poderia comentar esse tópico apenas com o versículo 16 de João capítulo 3. Não há amor maior do que este: dar a própria vida pelo pecador. E esse amor foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo de Deus (Rm 5:5). Esse amor nos alcançou, nos perdoou, nos transformou, nos faz andar em novidade de vida e em nossos relacionamentos com o próximo de modo íntegro na presença de Deus. Isso sem falar nas promessas futuras. Mas eu gostaria de tecer alguns comentários sobre a vida do apóstolo Paulo. Depois de seu encontro com Jesus a caminho de Damasco, sua vida foi completamente transformada, restaurada para ser usada em prol do Reino de Deus. Pelos frutos do Espírito Santo que Paulo ricamente compartilhou com os irmãos, não tendo por valorosa nem sua própria vida, antes a entregando por amor a Cristo Jesus, podemos ter a certeza do agir do Senhor benignamente em favor desse amado apóstolo dos gentios. Paulo era obediente. mesmo quando o Espírito Santo lhe revelava que ele padeceria por amor ao Santo Nome de Jesus, ele não recuava. Paulo amava os irmãos. Por vezes ele se punha de joelhos intercedendo por eles porque sabia que depois de sua morte, muitos lobos devoradores se aproveitariam para devorar o rebanho do Senhor. Paulo amava a Palavra de Deus. Mesmo tendo aprendido aos pés de Gamaliel, Paulo ouvia atentamente os ensinos da Palavra de Deus ministrados pelo Espírito Santo, passando a considerar refugo tudo o que havia aprendido anteriormente. O desejo de Paulo era glorificar a Cristo Jesus, mesmo se tivesse que oferecer a própria vida em sacrifício. Por fim, a sua vida era repleta de fruto do Espírito. Em todas essas coisas percebemos o amor de e a benignidade de Deus em relação a Paulo. Para muitos, um perseguidor como era 'Saulo de Tarso', cuja sede era de apoderar-se dos seguidores de Cristo arrastando-os e encerrando-os na prisão, deveria ser destruído por Deus. Mas Jesus olhou para ele, se compadeceu e lhe disse que ele deveria sofrer por amor ao Santo Nome do Senhor Jesus. E fez dele um apóstolo dos gentios. Essa é uma prova da benignidade de Deus em relação ao homem, do seu amor sem medida.

1.1. A benignidade livra da condenação - Davi teve grandes experiências da benignidade de Deus em sua vida. Uma delas foi quando se deu conta da gravidade do seu pecado contra Deus, Urias e Bate-Seba. Depois que o profeta Natã o visitou para alertá-lo, dizendo que Deus havia presenciado tudo. Davi então escreve o Salmo 51. No primeiro verso ele diz: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões segundo a multidão das tuas misericórdias". Benignidade e misericórdia. Davi confiou em Deus unicamente, reconheceu o seu pecado e se arrependeu dele. Davi foi perdoado, embora tenha pago um alto preço pelas terríveis consequências que de seu pecado advieram. 

1.2. Vivendo contrário ao mundo - João, o apóstolo do amor, disse: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele". (I Jo 2:15). Na passagem anterior, João diz que somos fortes e que já vencemos o maligno e Deus está em nós. Mas para que Sua presença seja contínua, não devemos amar o mundo. O mundo enquanto entidade espiritual é um inimigo poderoso, sutil, ilusório. Todas as suas grandezas passarão. A glória do mundo é passageira, mas, aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo 2:17). 

1.3. Agindo de forma benigna - "Quando permitimos que pensamentos contrários a natureza de Deus entrem em nossa mente, eles começam a se desenvolver, e passam a ser uma parte de nós. Nossos desejos íntimos, ou convidam o Espírito Santo para que controle nossos pensamentos, ou convidam a velha natureza do pecado que está em nós". (Charles e Frances Hunter). O agir de forma benigna acontece quando permitimos o agir do Espírito Santo através de nós. A árvore boa dá bons frutos. O exemplo do samaritano descrito na Parábola de Jesus nos mostra uma ação benigna, desprovida de interesse. Os judeus e os samaritanos eram inimigos, mas esse fato não foi decisório em relação ao ato de ajudar alguém que estava necessitando de ajuda. O samaritano simplesmente agiu. Isso significa que havia uma disposição nele que o impelia a fazer algo de bom pelo seu inimigo, essa disposição é a benignidade. "A benignidade é a generosidade que procura ver as pessoas da melhor maneira possível. É compassiva e dá a resposta branda que, segundo disse Salomão, desvia a ira, ou evita explosões de raiva (Provérbios 15.1)". (Stanley Horton).

2. Agindo como servos de Deus

Deus é o nosso maior exemplo de benignidade. Nos Salmos 136 em cada um de seus versículos podemos perceber o salmista adorando a Deus "Porque a Sua benignidade dura para sempre". Um grande exemplo da compaixão de Deus está na história relatada no livro de Jonas que, enviado a Nínive para anunciar o julgamento divino. Os pecados de Nínive haviam provocado o Senhor até ao ponto de Deus desejar destruí-la. Mas havia um 'detalhe' no caráter de Deus que fez com que Jonas não desejasse levar a mensagem aos ninivitas, Jonas sabia que Deus era compassivo, misericordioso, benigno e se arrepende do mal (Jonas 4:2). Jonas preocupou-se muito com o que as pessoas pensariam dele mesmo caso Deus não cumprisse com Sua Palavra destruindo Nínive. Os habitantes de Nínive se arrependeram e Deus os perdoou. Jonas em nenhum momento preocupou-se com aquelas pessoas que mal sabiam distinguir a mão direita da esquerda. O conhecimento deles acerca do certo e errado era ínfimo. Deus se compadeceu e agiu com benignidade. E assim ele espera que sejamos uns com os outros. "Suportai-vos, uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós" (Cl 3:13). Esse é o exercício da misericórdia da todo crente deveria praticar.

2.1. A fidelidade de Deus O torna benigno - Benignidade significa ser bondoso, útil, amoroso, gentil. Só podemos demonstrar benignidade, utilidade, gentileza e amor em relação ao próximo. A Bíblia diz que "Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores". Ele nos alcançou pelo amor com que nos amou e esse amor foi demonstrado na cruz. Ele não nos trata segundo nossos pecados, mas segundo a multidão das suas misericórdias e do seu amor. Muitas vezes Deus retira sua mão de castigar o povo por amor aos seus servos, demonstrando sua benignidade e fidelidade. No Antigo Testamento, o vocábulo benignidade era traduzido também por misericórdia. Deus é abundante em benignidade para com todos os que o invocam (Salmos 86:5).

2.2. Deus sempre quer o melhor para nós - A Bíblia diz em Salmos 33:18: "Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que O temem, sobre os que esperam na sua benignidade". "O temor é reservado como uma das mais altas formas de adoração" (Mike Wells). Se cada um observasse e praticasse os preceitos de Deus como Ele os deixou para serem observados e praticados, certamente nosso viver seria uma perfeita adoração a Deus. Tem muito lixo por aí que as pessoas cantam dizendo ser adoradores de Deus, mas infelizmente, as pessoas se intoxicam com esse lixo e deixam de prestar o verdadeiro culto a Deus: "misericórdia quero, e não sacrifício". A maior preocupação de Deus em nosso relacionar com Ele é o relacionar-mo-nos com o próximo: pai, mãe, irmãos e irmãs, cônjuge, filhos, parentes, amigos, irmãos de Igreja, vizinhos, colegas de escola e trabalho, aquele estranho que passa por nós e nem prestamos atenção em sua feição, em suas dores e sentimentos. Estão alheios a nós, como estão alheios os que nos cercam por laços de amizade. A impressão que temos é que boa parte da população do planeta está alienada e sabe bem se relacionar apenas com seus aparelhos eletrônicos. Para o cristão ainda é pior: ele nem sabe o que faz na Igreja. Qual a sua posição no corpo de Cristo. Não conhece a Bíblia e nem o vizinho de banco. Deus, em Seu Amado Filho, deseja algo mais elevado pra nós e, no final, Ele promete bênçãos sem medida ao que vencer.

2.3. Um plano de redenção através da benignidade -  "O andar no Espírito é andar segundo a vontade de Deus, ao passo que o andar segundo a carne é andar de acordo com nossos próprios desejos. Que contraste entre o fruto do Espírito e as obras da carne! Que diferença! Sim, o fruto do Espírito é o que queremos, e este fruto é o resultado natural (não o resultado de nos esforçarmos no sentido de seguir essas boas coisas), de uma correta relação para com Jesus Cristo e o seu Espírito Santo, no andar pelo Espírito. O capítulo 8 de Romanos nos dá a única resposta satisfatória para o problema de nossa natureza degenerada: o eu do capítulo 7 de Romanos foi mudado para o Espírito de Cristo, o qual é oferecido para tomar o lugar da lei do pecado e da morte, herdada de nosso pai Adão. Romanos 8.2-4 diz: “A lei do Espírito da vida em Jesus Cristo te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando seu próprio Filho em semelhança da carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado. A fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Vê-se claramente na Palavra de Deus a possibilidade de se andar pelo Espírito, e isso é justamente o que todo cristão deve buscar – não só nesta ou naquela ocasião de necessidade, mas como um modo de vida constante e coerente" (Ted Hegre).

3. Lições práticas

3.1. Igreja: Distribuidora do fruto - Pelo título, dá a impressão de que os frutos da vida cristã podem ser colocados num cesto e 'distribuídos'. De certa forma, alimentar quem tem fome é oferecer algo que se pode comer. Boas ações não nos tornam bons. Estar em Cristo é que nos faz frutificar e sermos úteis para a sua obra. Não se trata de uma relação entre senhor e servo, mas de serviço na obra de Deus. As benignidades do Senhor são reveladas no serviço, nas obras que a Igreja pratica na terra em relação à ovelha perdida. Pela Igreja é conhecida a multiforme sabedoria de Deus, pela Igreja é manifesta a graça aos homens, pela Igreja o homem conhece o Eterno Propósito de Deus em relação à humanidade. Logo, é o corpo de Cristo em ação.

3.2. Uma árvore boa dá bons frutos - Jesus disse: "Eu sou a videira verdadeira". Israel é o ramo verdadeiro e nós [os gentios, a Igreja] somos o ramo enxertado. Só poderemos frutificar se estivermos nEle: Em Cristo Jesus. "Segui a Cristo, que por meio de sua paixão e cruz conduz ao descanso e luz eternos, porque se vós sois agora seus companheiros na tribulação, em breve vos assentareis com Ele à mesa celestial na exultação perpétua. Plantai no jardim de vossa memória a árvore da cruz santa; ela produz um medicamento muito eficaz contra todas as sugestões do Diabo. Desta árvore muito nobre e fértil, a raiz é a humildade e pobreza; a casca, o trabalho duro e penitência; os ramos, a misericórdia e justiça; as folhas, a verdadeira honra e modéstia; o odor, a sobriedade e abstinência; a beleza, a castidade e obediência; o esplendor, a fé certa e esperança firme; a força, a magnanimidade e paciência; o tamanho, a longanimidade e perseverança; a largura, a benignidade e concordância; a altura, o amor e sabedoria; a doçura, o amor e alegria; o fruto, a salvação e vida eterna" (Thomas á Kempis).
  

3.3. A manifestação do caráter de Deus - "Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tito 3:4-6). Deus nos deu gratuitamente sua graça, sua misericórdia, seu grande amor. Nos confirmou pela Palavra dando-nos a presença do Espírito Santo. Por meio da fé, em Cristo Jesus, podemos realizar as obras que Ele realizou entre os homens. Somos a expressão desse amor, desse caráter divino que veio a nós e ofereceu-se em nosso favor. A Igreja manifesta a presença de Deus. Um dia, toda a plenitude de Deus será possível nesse manifestar da graça a todos os homens, quando não haverá mais obras a serem realizadas, quando todos tiverem a Sua Lei escrita na tábua do seu coração. Então, o caráter de Deus poderá ser provado, experimentado em toda a sua plenitude. 


Deus abençoe sua vida.


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