Bondade: a prática do amor sem expectativa de recompensa
10ª. Lição da EBD Betel. Texto Áureo: “Eu próprio, meus irmãos,
certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios
de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros” Rm 15.14.
1. Fazendo o bem e desprezando o mal
Há uma lei da semeadura na qual todo aquele que planta colhe abundantemente o fruto. A Bíblia diz que quem semeia em carne, ou seja, quem pratica as obras infrutíferas da carne, colherá corrupção, morte. Mas aquele que semeia em Espírito colherá a vida eterna, "Porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade, aprovando o que é agradável ao Senhor" (Ef 5:9-10). Juntamente com a benignidade, a bondade forma a sustentabilidade da estrutura espiritual, moral e social do cristão. Em provérbios de Salomão podemos ler que "a bondade propicia a vida, justiça e honra" (21:21); e que, "o que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra" (15:19). O exercício do amor é demonstrado por atos de bondade e de benignidade. Nessas obras percebemos quem está semeando em Espírito e quem não está.
1.1 Um ato de bondade transforma uma vida - Amós profetizou acerca do povo de Deus: "Porque sei que são muitas as vossas transgressões e enormes os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate e rejeitais os necessitados na porta. Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau. Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis". Ter compaixão e cuidado com os necessitados são atitudes que demonstram que na vida dessa pessoa está a presença de Deus. Praticar a bondade é obedecer a Deus e demonstrar a fé. É nesse sentido que Tiago afirma que a fé sem as obras é morta. Como posso dizer que amo a Deus e despedir uma pessoa que necessita de algo que está em minhas mãos realizar? Pelas minhas obras demonstro minha fé e obediência à verdade, demonstro também meu amor e compaixão pelas almas. O cuidado de Deus se mostra em obras. O nosso também em relação ao próximo deve de igual modo ser demonstrado em obras. A vida e as obras de Cristo que ele comunica com seus seguidores produzem amor, misericórdia e compaixão pelos necessitados e contritos. Esse amor é um dom da graça de Deus em Cristo Jesus. O crente tem a responsabilidade de demonstrar isso em ações, correspondendo o amor de Cristo demonstrado a ele, provando com ações a presença do Espírito Santo em seu viver, não com um coração insensível e endurecido, mas transformado pela presença dEle.
1.2 Ser bom é ser generoso - O vocábulo 'bondade' vem do grego 'agathosune' e significa zelo pela verdade e pela retidão, repulsa ao mal. A agathosune pode ser expressa por meio de atos de bondade ou na repreensão e correção do mal [vide texto áureo]. Paulo diz aos Romanos 12:13a: "comunicai com os santos nas suas necessidades". Em outras palavras, repartindo com os que tiverem necessidade aquilo de que necessitam. O princípio da generosidade está implícito na bondade, mostrando a responsabilidade do crente diante dos necessitados.
1.3 Apresentar os padrões bíblicos é um ato de bondade - Deus zela pelos pobres e necessitados. E o princípio implícito no ato de bondade é o servir ao próximo. Nós, como filhos de Deus, devemos demonstrar Seu amor, dando provas de nossa filiação divina. Jesus disse: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a Lei e os profetas". Ninguém deseja o mal a si mesmo, então porque não cumprir o "como a ti mesmo" ordenado no segundo maior mandamento bíblico? Ser filho de Deus implica em ações tão elevadas quanto aquelas demonstradas desde a criação. Deus tem nos demonstrado graça e misericórdia e não espera menos do que isso de seus filhos. Os padrões bíblicos de bondade são diferentes dos padrões mundanos. Por exemplo, segundo os padrões do mundo, os fariseus eram homens bons, de boa conduta, morais, retos, religiosos. Mas o próprio Jesus Cristo advertiu os seus discípulos acerca deles em diversos momentos: "Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus".
2. Desfrutando da bondade de deus - Deus é bom e se compadece do ser humano provendo-lhe perdão e salvação. Cristo se compadecia da multidão que o acompanhava, sabia que aquelas pessoas eram como ovelhas sem pastor. Ele também condenava duramente quem desprezava os pobres (Mc 10:17-25; Lc 6:24-25; 12:16-20). Hoje, nem dízimos e nem ofertas entregues às igrejas são transformadas em benefícios sociais. Mas nos tempos da Igreja primitiva, essa prática era constante. O que adianta erguer templos suntuosos para celebrar a presença de Deus, sendo que o santuário mais importante [que é o nosso corpo] fica desprovido de bênçãos materiais? Um local de adoração para Deus é um coração quebrantado na presença dEle. Lembremo-nos da pecadora que ungiu os pés de Jesus na casa de Simão, o curtidor. Em nenhuma sinagoga dos judeus, em nenhuma outra casa Jesus havia recebido uma adoração tão sincera quanto essa. Imagino como as pessoas se sentiam diante de Jesus quando ele dizia: "Perdoados te são os teus pecados". Mas nem todos conseguem imaginar porque nunca foram ou se reconhecem como sendo 'doentes' necessitando de um médico que é Cristo.
2.1 A bondade de Deus produz vida - Quando Deus formou o homem, ele proveu também o alimento para alimentá-lo. Alimento fala de mesa, de comunhão. Em relação à Deus, deve ser acompanhado com ações de graças, louvor e reconhecimento de total dependência de Deus [tornar-se criança]. Quando o homem pecou é uma prova de que não confiaram na bondade de Deus, preferiram o alimento físico que apenas alimenta o corpo, mas cujo resultado da ação de rebelamento contra Deus, produziu igualmente a morte. O homem escolheu viver segundo seus próprios interesses [ser como Deus]. Mas o provimento de Deus para o homem, mais uma vez, trouxe um novo alimento, agora para a alma e o espírito: Jesus Cristo, demonstrando em um ato, a bondade, a benignidade, o amor, a misericórdia, a fidelidade, a suprema grandeza e graça de um Deus que torna-se Pai. O resultado disso é a vida abundante em Cristo. Só nEle.
2.2 A humanidade e a bondade de
Deus - A epístola aos Efésios começa afirmando que fomos chamados para louvor e glória de Deus (Ef 1:12), "para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas de sua graça em sua bondade para conosco em Cristo Jesus" (Ef 2:7). Agora, a realidade última da história do homem não é o pecado, mas a santidade; não é a maldade, mas a bondade; não é a doença, mas a saúde; não é o sofrimento, mas a alegria; não é a morte, mas a vida (Isaías 61).
2.3 Liberalidade é bondade - esse tópico é um tanto redundante, uma vez que liberalidade é o mesmo que generosidade [tópico 1.2]. Há um sentido na palavra 'liberalidade' que nos desobriga da ação de praticar boas obras, entretanto, para isso fomos chamados. Como filhos amados é nossa obrigação. Mesmo que haja pessoas que acreditem que a bondade deve ser feita quando e como acharmos melhor, o Senhor nos diz para não afastarmos de nós a bondade, a misericórdia e a obediência ao Santo Espírito (Ef 5:8-17).
3. Lições
práticas
3.1 Ser bom é abrir mão do
nosso eu - na verdade, ser cristão é abrir mão do 'eu'. Quando o nosso 'eu' for substituído pelo nosso Senhor Jesus Cristo, então, estaremos mortos com Ele [morte participativa] e vivificados por Ele [participantes da Sua vida]. O Salmo 23, no versículo, diz: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias". Tanto a bondade quanto a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida. Essa é uma Palavra viva comunicada a nós pelo Espírito Santo de Deus. É a Verdade. Em Mateus 5:44 Jesus disse: "Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus". Tudo o que Jesus ensinava era proveniente do Pai. Hellen White escreveu: "Se o eu é o seu
mais alto ideal, nunca atingirá ele qualquer coisa mais elevada".
3.2 O fruto promove a santificação - Em primeiro lugar, o que promove a santificação é a cruz, ou um viver de cruz. "Lamento que muitos pastores e crentes
inteligentes procurem levar os membros das igrejas a uma vida de santificação,
sem primeiro tratar com a morte do seu "homem velho". Não adianta!
Ensinar urubu a comer milho é impossível. Ele não aprende porque não tem
natureza para isto. E o "homem velho" jamais consentirá em viver um
caminho de santidade com ninguém! O pastor pode ser o mais habilidoso do mundo.
Ele não vai lazer o "homem velho" viver a santidade, porque o ofício
do "homem velho" é servir ao pecado. E a erradicação do pecado só é
possível na crucificação" (Antônio Abunchaim). Santificar, biblicamente falando, nunca foi praticar boas obras, nem de longe isso é verdadeiro. Em João 12:24 Jesus disse: "Se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto". Podemos entender pelo versículo que Deus quebranta aquele que já
foi purificado do pecado e já foi libertado do domínio do ego, do
mundo e de Satanás. Esse é Cristo. Pensemos o seguinte: Quando nos separamos da antiga vida pecaminosa não significa necessariamente que estamos praticando as boas obras. Uma pessoa pode não cometer adultério, mas também pode passar a vida toda sem conhecer o verdadeiro significado do amor ao próximo. Ou o oposto: Uma pessoa pode ser praticante de boas obras, mas o coração está repleto de ídolos falsos e pode ser que ela nunca tenha experimentado um viver pleno com Cristo. Então, nunca eu poderia afirmar que o fruto promove santificação. Isso não é bíblico. Paulo disse aos Romanos "libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna" (Rm 6:22). O nosso corpo [membros], como servos da justiça, produzirá um tipo de fruto. Assim como nosso viver entregue às obras da carne também. Enquanto as obras da carne produzem morte, nossas obras de justiça, a vida. Santificação não se trata apenas de obras. Reafirmo: Uma pessoa pode fazer obra de caridade, pode ser bondosa o tempo todo, mas estar separada de Cristo. Não são as obras, mas Cristo em nós que nos torna santificados e agradáveis a Deus. A nossa santificação é tornar-mo-nos semelhantes a Cristo. O trabalhar do Espírito Santo no cristão transforma o seu caráter, demonstrado através dos frutos, e realiza a obra da Santificação. "Uma compreensão
da força que é nossa, através da habitação do Espírito Santo, deveria nos
motivar a viver uma vida cristã positiva e vitoriosa. A fé na transformação
contínua que em nós é operada pelo Espírito (2 Co 3.18) deveria nos
estimular em nossos esforços. Acima de tudo, deveríamos ser encorajados pela
convicção de que nossa santificação é, em última instância, não uma conquista
nossa, mas dom de Deus, uma vez que Cristo é a nossa santificação (1 Co 1.30)" (Anthony A. Hoekema).
3.3 Permanecendo naquilo que aprendemos - A Bíblia é clara quando diz que erramos por não conhecermos as Escrituras e nem o poder de Deus (Mateus 22:29). Quando nos aproximamos do Senhor, examinamos a Bíblia, encorajamo-nos a praticar tudo o que ela exige de nós, e a guardamos no coração e mente para não pecar contra Deus, então, pela fé, mediante o trabalhar do Espírito Santo que habita em nós, poderemos ser luz para os que estão em trevas; poderemos levar pão aos famintos, vestes aos que estão nus; liberdade aos presos; saúde aos enfermos; água aos sedentos; hospedagem aos que estão em terras estranhas. Assim, só assim demonstramos que o agir de Deus nos alcançou; que o trabalhar da cruz é diário em nós; que somos filhos de Deus e que aprendemos com Cristo a verdadeira religião.
Deus abençoe sua vida.
Deus abençoe sua vida.
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