E vos darei um coração de carne
Desde o início, o homem tem buscado uma vida longe de Deus e de seu propósito. Participar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal proporcionava ao homem esta independência, um governo independente de Deus. Mas nesse distanciamento aconteceu algo: o homem esqueceu-se de seu Criador e o ignora todos os dias de sua vida. A vida não é fácil. O sofrimento age de maneira a tornar o coração mais impenetrável, mais resistente, mais duro. É fácil ver uma pessoa que sofre por uma decepção amorosa dizer: "Nunca mais vou abrir meu coração!". Mas de repente, lá está ela novamente apaixonando-se e entregando-se sem pensar que poderá novamente ser decepcionada.
Com Deus aconteceu isso. Ele se apaixonou por nós. Esse 'apaixonar-se' de Deus nunca tinha entrado na minha cabeça, até que um dia eu li que uma das palavras que significava 'graça' trazia o sentido de apaixonar-se. Deus olhou para nós, estando nós ainda mortos em delitos e pecados, estendeu a sua graça e a sua mão. Mas o homem, decepcionado consigo mesmo, ignorou esse amor e a Pessoa que lho oferecia: Deus. O coração humano já não era inocente como o de Adão e Eva. Ele conheceu de perto a dor, a aflição, as angústias, a miséria, a separação, a privação, as mazelas, a morte. E não entende porque Deus, sendo Todo-Poderoso não podia afastá-lo de todo o sofrimento. "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comereis, porque no dia em que dela comeres, certamente morrereis". Essa frase deveria ecoar na mente e no coração do homem. Mas assim como se esquece daquele que o Criou, também se esqueceu daquilo que ele determinou. Não foi Deus quem trouxe a dor e o sofrimento à humanidade caída. O homem, com suas próprias mãos, tomou o fruto e o comeu. Ele escolheu 'ser como Deus'.
Mas o diabo, nosso adversário, não desistiu de querer apresentar ao homem um deus de caráter duvidoso e que esconde uma verdade de sua criatura. A serpente disse: "Ele sabe que no dia em que dela comerdes, se lhes abrirão os olhos e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal". E sobre a sentença de morte disse: "certamente não morrereis". Agora, distante de seu Criador, o homem sonha com uma vida melhor, diferente, mais feliz, governada por si mesmo, sem ter que prestar contas a ninguém. Outro engano do diabo. Porque nenhuma vida, sem a presença de Deus, é realmente completa e feliz. Mesmo com todo o dinheiro do mundo, o homem ainda sente que 'falta algo'. Por isso ouvimos muitas pessoas dizerem que dinheiro não traz felicidade. Muitos procuram satisfazer o vazio com drogas, sexo, aventuras amorosas, trabalho, ou cultuando seu próprio corpo, malhando, fazendo plásticas, mas nunca conseguem realmente sentir-se lindos, completos e felizes. Alguns mudam de casamento, de emprego, de namorado, de sexo, experimentam novas e diferentes formas de amar e ser amado. Mas também percebem que isso não preenche o vazio no peito.
Todo homem traz em seu DNA o desejo de adorar. É seu espírito em busca do seu Criador e doador. Aí então o homem cria diversos ídolos: na música, na tv, na internet, no cinema, na vida 'real', na religião. Outros compensam com a ideia de nascer de novo e fazer diferente, ou ser diferente, quem sabe se nascer mulher ao invés de homem, ou vice-versa. Quem sabe se nascer bicho ao invés de gente, ou vice-versa. Mas na verdade, nenhuma tecnologia no mundo será capaz de entender a imensidão que é a mente, a alma, o próprio ser humano. Mas quanto mais ele conhece isto: sua dependência de Deus, tanto mais ele se rebela e endurece o coração. O coração torna-se como pedra: duro e frio, sem alma, sem vida. A pessoa passa a amar menos o semelhante, passa a odiar e a querer o mal a todos, passa a rejeitar o próximo [por isso tanta gente diz que prefere bicho do que gente]. Coração de pedra. Coração que não entendeu que o inimigo do homem é ele mesmo. O diabo pode ser resistido, podemos fugir da tentação, podemos resistir o mal, mas difícil mesmo é negar-mo-nos a nós mesmos. Somos tão egoístas e egocêntricos que, Jesus conhecendo isso, pediu aos seus discípulos: "Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia sua cruz e segue-me". Jesus ia para a cruz. Mas uma glória sucedia aquela cruz: A glória eterna preparada para Ele, um trono à direita de Deus. O homem lhe deu uma cruz por causa do coração endurecido; não aceitou a Verdade; não permitiu que seus olhos fossem abertos para verem; não permitiram que seus ouvidos fossem abertos para ouvirem; não abriram o coração para que fossem curados, antes, com entendimento obscurecidos, entenebrecidos, negaram o Senhor da Vida.
Coração de pedra! Esse mesmo coração fará com que o homem blasfeme contra Deus a cada desgraça ocorrida, a cada doença que surge, a cada criança que nasce defeituosa, a cada outra que morre de sede e fome. "Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comereis, porque no dia em que dela comeres, certamente morrereis". O homem é o culpado por suas próprias desgraças. O mínimo que ele deveria fazer era reconhecer isso e pedir pela misericórdia de Deus. Render-se aos Seus pés e aceitar o Amor que Ele nos oferece gratuitamente. E aceitar a Graça que ele nos concede gratuitamente. E agradecer a Misericórdia com que Ele nos trata, gratuitamente. A desejar a Vida Eterna que ele nos preparou gratuitamente. O preço foi pago na cruz pelo Filho de Deus: Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Agora ele nos dará um coração de carne, porque esse tem vida, tem alma e é fácil amar, e se render, e se entregar. Não teme o sofrimento, não olha para si mesmo. Essa é a maior graça que Deus gratuitamente ofereceu a nós. Como Deus escreveu com seu próprio dedo nas tábuas da Lei [que eram de pedra], Deus deseja escrever no nosso coração, com uma tinta que não se apaga. Ele diz: "Naquele dia ninguém perguntará a seu irmão acerca da Lei" porque ela será escrita no nosso coração novo, de carne, pelo próprio Deus.
Deus abençoe sua vida.
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