Um coração agradecido: marca daquele que foi tratado pela cruz.
Reflexões do versículo 3 do capítulo 1 da carta de Paulo aos Filipenses
"Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós". Dar graças, agradecer, do original /eucharisteo/ Strong 2168 - significa ser grato, sentir gratidão, dar graças, agradecer. Sempre que busco um exemplo bíblico no Novo Testamento, que demonstra um coração agradecido, lembro-me da pecadora na casa de Simão, o fariseu. Esse relato encontra-se no Evangelho de Lucas 7.36-50:
"E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento. E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugar-lhos com os cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com unguento. Quando isso viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: "Se este fora profeta, bem saberia quem é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora". E, respondendo, Jesus disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, mestre! - Um certo credor tinha dois devedores; um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro, cinquenta. E, não tendo como pagar; perdoou-lhes a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais? - E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés, mas esta regou-me os pés com lágrimas e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou, mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse a ela: Os teus pecados te são perdoados. E os que estavam à mesa, começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou, vai-te em paz".
Vejamos o modo como se referem a ela: uma mulher da cidade, uma pecadora, simplesmente, mulher. Com certeza não era convidada, porque ela foi ao saber que Jesus estaria ali. Jesus disse que ela muito amou, muito foi perdoada. Ela estava por trás, aos pés do Senhor, chorando. Suas lágrimas eram tantas que lavaram os pés de Jesus. Ela usou os seus cabelos para enxugar suas lágrimas dos pés do Senhor; e os beijava; e os ungia com unguento. Ela muito amou, razão pela qual muito foi perdoada (v. 47).
Aquela mulher fazia parte do grupo dos marginalizados, dos que não se sentavam à mesa, dos que não eram convidados às festas, dos que não eram recebidos pelos religiosos. Mas Jesus veio para os doentes, para aqueles que não se sentiam aptos, como aquele pecador que não ousava levantar os olhos ao céu, mas batendo no peito, orava: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador". Lc 18.13b. Ou como aqueles que foram convidados às bodas, porque os primeiros convidados haviam recusado o convite por uma desculpa ou outra: "Traga os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos...". (Lucas 14.21).
Esses, que são pecadores, que não se julgam dignos de entrar na festa (a menos que Jesus esteja lá), que sabem que sem a graça e a misericórdia de Deus jamais chegaria nas bodas do Filho do Deus Altíssimo, esses têm um coração agradecido ao Senhor. Eles não têm palavras bonitas, mas, sim, palavras sinceras.
A mulher pecadora - o vocábulo para pecador é /hamartolos/ significa uma vida dedicada ao pecado, escravo do pecado, especialmente mau. Homens marcados por determinados vícios ou crimes. Também era usado para descrever os coletores de imposto, os pagãos, os idólatras. Aquela mulher dedicava sua vida ao pecado, era escrava do pecado. Marcada pela prática do pecado. Jesus sabia o que ela fazia, mas, mais do que isso, Jesus conhecia o seu interior. Ela amava o Senhor porque Ele a aceitava como ela era, Ele podia perdoá-la, ela se sentia confortada, não porque ela era 'pobre' pecadora, porque ela era miseravelmente pecadora; mas porque apesar disso, ela não precisava de uma máscara para se esconder e poderia chegar-se ao Mestre com o coração aberto. Chorar, enxugar e ungir os Seus pés. Talvez fosse a maior oferta de seu coração agradecido, expresso publicamente, para dizer, na frente de todos, que o Mestre, aquele que era o Filho de Deus, havia lhe dado uma chance de, agora, ter paz.
Somente aqueles que foram tratados pela cruz podem entender o que é agradecer ao Senhor por ser perdoado, amado e aceito por Deus, por causa do sacrifício de Seu Amado Filho. Na CRUZ.
Paulo também tinha sido um miserável pecador. Ele só reconheceu isso depois do seu encontro com Jesus. Porque antes disso, ele era impecável diante da Lei, irrepreensível. Mas o próprio ato de perseguir os irmãos por causa do Caminho fazia dele um terrível pecador aos olhos do Senhor. Mas o Senhor o amava. O Senhor o queria. E o buscou, como o pastor busca a ovelha perdida.
Agora, esse coração tratado pela cruz é capaz de ser agradecido. E de orar em gratidão ao Pai pela vida de seus irmãos. "Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós". Em muitas outras ocasiões Paulo sentia-se grato por seus irmãos em Cristo.
É esse coração que o Senhor espera que tenhamos diante dele e diante dos irmãos. Um coração perdoador. Um coração que ama. Um coração tratado pela cruz do Salvador. Só depois podemos orar a Deus, agradecidos sempre que nos lembrarmos de nossos irmãos. Cada ferida que nos fizeram, vamos dizer "obrigada, Senhor!". Porque foram as mãos santas do Senhor tratando conosco. Essas feridas são um eterno peso de glória diante do Salvador.
Deus abençoe tua vida em Cristo Jesus, e te ajude a ter esse coração tratado pela CRUZ.
Parabéns pelo excelente trabalho evangélico
ResponderExcluirObrigada. Sua opinião é muito importante. Espero que tenha tocado em seu coração.
Excluir