O ministério de Jesus Cristo na região da Galiléia

5ª Lição da EBD Revista Betel - dia 30/07/2016.

Texto Áureo: "E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores" (Mt 4:18).

Verdade Aplicada: Jesus escolheu homens simples para que, depois da Sua morte [e Ressurreição], através deles, o mundo fosse abalado.

Textos de Referência Mt 4:23-25 "E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia, e de além do Jordão". 

INTRODUÇÃO - Nesta lição, estudaremos como Jesus deu início ao Seu ministério público. Veremos Jesus saindo do anonimato de uma carpintaria para depois de Seu batismo atuar pregando, ensinando e curando, até tornar-se extremamente popular.

1. O início do ministério público de Jesus - Todo início de ministério profético ocorre a partir de um lugar e com uma mensagem clara. Com Jesus não foi diferente. Depois de vencer a tentação, derrotando o diabo no deserto, agora teria início o Seu ministério na Galileia.

1.1. Jesus volta para a Galileia - Depois que a família de Jesus deixou o Egito, José, Maria e Jesus foram habitar nas regiões montanhosas de Nazaré, situada entre as colinas da Galileia. Era uma aldeia pobre. Depois da prisão de João, o Batista, Jesus muda-se para Cafarnaum, uma cidade marítima da Galileia, nos limites entre Zebulom e Naftali (Mt 4:13). Ali Jesus escolheu seus discípulos.

"Região histórica situada ao norte da antiga Palestina (atualmente em Israel), a Galiléia foi palco de várias passagens da vida de Jesus Cristo. A região foi o último refúgio dos cananeus antes da conquista da Palestina pelos hebreus. A infância e grande parte do ministério público de Jesus transcorreram na Galileia, cenário de vários de seus milagres. Tornou-se pólo da cultura judaica após a destruição do segundo Templo de Jerusalém pelos romanos, no ano 70. A conquista da região pelos árabes, em 636, trouxe um período de decadência. No século 19, a Galileia sediou a primeira experiência sionista de colonização, a aldeia de Rosh Pinna ("pedra angular", em hebraico). O plano de partilha das Nações Unidas, aprovado em 1947, previa a divisão do território entre árabes e israelenses, mas a guerra de 1948-49 deixou a Galileia sob controle de Israel. A região é dividida em alta e baixa Galileia. Os principais centros urbanos são Zefat (Safed ou Safad), centro de estudo da cabala durante a Idade Média; Nazaré, centro de peregrinação cristã; Kefr Kenna e Kana, cidades que poderiam ser identificadas como a bíblica Canaã; e Tiberíades, fundada por Herodes Antipas, um dos centros sagrados do judaísmo" (Geografia da Palestina - Enciclopédia Os Boyer e Enciclopédia Barsa).

A ida de Jesus para Cafarnaum, na Galileia das nações, havia sido profetizada pelo profeta Isaías (v. 9:1-2) que diz: "Mas a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz".
  

1.2. A pregação de Jesus - Jesus inicia sua pregação dizendo: "Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus". Mt 4:17. A mensagem do Reino, dando início ao Sermão do Monte [ou da Montanha], uma das passagens mais conhecidas do Novo Testamento. O Reino havia sido prometido desde os tempos antigos. E seu início é marcado pela  pregação sobre o arrependimento, 'metanoia que significa a total transformação da mente, mudança de direção' e sobre a retidão. Falando da restauração do governo divino sob o governo humano na vida de todo aquele que se dispor a viver segundo os novos princípios que, segundo a Vontade de Deus, regem o governo da Graça. O Sermão do Monte [das bem-aventuranças] foi proferido junto às praias do Mar [Lago] da Galileia. 

Em todos os seus discursos, Jesus mostrava sua própria interpretação da Lei, afirmando ser maior do que Moisés, a Lei e os Profetas. Que Ele é Mestre e também Senhor e que, ao anunciar seus novos mandamentos, exigia obediência total a eles. Aos seus discípulos, Jesus ensinava a tomar sobre eles seu próprio Jugo, já que haviam suportado outro bem mais pesado e difícil ensinado pelos homens, mesmo tendo sido dado por Deus. Ao subir no Monte, alguns comentaristas alegam que Jesus queria assemelhar-se a Moisés quando recebeu das mãos de Deus toda a Lei. Por essa razão, muitos estudiosos afirmam que o evangelho de Mateus pode ser dividido em cinco partes, ou cinco livros de Mateus [mini Pentateuco, cinco livros de Moisés]. Para outros estudiosos, as bem-aventuradas são correspondentes aos dez mandamentos. A obra de salvação manifesta em Cristo também é tida como o novo Êxodo, inaugurada em sua morte [Cordeiro Pascal] e prolongada até à Terra Prometida [Canaã Celeste e a Nova Jerusalém]. 

A mensagem do Reino pode ser dividida nos seguintes termos segundo as características dos cidadãos do Reino: caráter, influência, justiça, piedade, ambição, relacionamentos interpessoais e dedicação.

1.3. Jesus e Sua equipe - Jesus tinha muitos discípulos e, dentre eles, escolheu doze para serem suas testemunhas. Embora os doze fossem nomeados, só alguns eram mais íntimos e estavam em quase todas as situações descritas do ministério de Jesus: Pedro, Tiago e João. Assim como no Antigo Testamento havia 12 Patriarcas, no Novo Testamento são 12 Apóstolos e na Cidade Eterna, 12 portas, 12 fundamentos e 12 tronos. Seus apóstolos foram: Bartolomeu; Mateus; Simão Zelote; Judas Iscariotes; Tomé; André; Filipe; Judas Tadeu; João; Tiago, Simão Pedro.

2. Jesus chama ao discipulado - Jesus já iniciara o Seu ministério entre os galileus e precisava multiplicar-se para ter maior alcance. Ele precisava de uma equipe que pudesse reproduzir a Sua mensagem e o que Ele era. Assim, convocou homens ao discipulado.

2.1. O chamado - Ao lermos a carta de Paulo aos Coríntios capítulo 4:9,11-13, ficamos perplexos com o chamado dos apóstolos. Paulo diz: "Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. [...] Até à presente hora sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação: até agora temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos". O Senhor comissionou os discípulos dizendo: "... e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1:8). 

Desde que começaram a andar com Jesus, os discípulos passaram por um sério processo gradativo e penoso de ruptura com o típico sectarismo judaico. Os judeus possuíam um forte sentimento de exclusividade em relação a Deus, mas Jesus demonstrou que seus discípulos haviam de transpor as barreiras físicas, morais e espirituais em busca daqueles que, por intermédio deles [os apóstolos] deveriam crer no Senhor Jesus. Inicialmente, mesmo entre os gentios, os judeus deveriam buscar as 'ovelhas perdidas da casa de Israel' e, somente depois, os gentios propriamente ditos, foram alcançados. Os discípulos ouviram diversas vezes da boca de Jesus que eles seriam como ovelhas no meio de lobos devoradores; que seriam perseguidos por amor a Cristo; que, como ele, também enfrentariam, além das perseguições, a morte. Mas 'tende bom ânimo, eu venci o mundo'. Com essas palavras o Senhor lhes acalentava os corações que, posteriormente, seriam dilacerados. O chamado do Senhor para sermos seus discípulos também nos mostra um caminho de escolhas muitas vezes confrontantes com nossas culturas, nossos princípios, nossas crenças, nosso eu e nossa própria casa. Mas, ao mesmo tempo, sua presença contínua e motivadora nos impulsiona a seguir no chamado ao eterno propósito. Seu chamado "Vinde" ou "Segue-me" falou intensamente ao coração daqueles homens, ignorados por sua origem e por sua profissão. Seguir ou ir após o Mestre era tudo o que um judeu naquele tempo desejava, especialmente, se aquele chamado partisse do próprio Messias: "Achamos o Messias" (Jo 1:41), disse André, que inicialmente era discípulo de João, mas conhecendo que Jesus era o Cristo, passou a segui-Lo. 

2.2. Os homens chamados ao discipulado - Aqueles discípulos em particular foram chamados para testemunhar os sinais e prodígios realizados por Jesus, mas mais do que isso, para aprenderem acerca do Reino de Deus, que estava sendo instaurado; e para demonstrar de que forma o poder de Deus transforma simples homens em grandes pregadores do Evangelho. Eles seguiam a Jesus, comiam com ele, foram diversas vezes oprimidos juntamente com ele; entretanto, não foram os únicos a testemunharem tamanha graça em favor dos homens. Paulo; Silas; Barnabé; Timóteo; Judas e Tiago, irmãos do Senhor Jesus, e tantos outros.   

2.3. O preço do discipulado - Jesus em dado momento, quando uma multidão o seguia, disse-lhes: "Se alguém vier após mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. [...] Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo". (Lc 14:26-27,33). Ser discípulo de Jesus, primeiramente, implica renúncia. 

Nada e ninguém poderá ser mais importante do que Jesus, na vida daqueles que o seguem. Jesus é a primícia, é a vida, é a verdade, é o caminho. Ele é tudo em todos. Davi certa vez escreveu: "O Senhor é meu pastor; e de nada tenho falta". Embora muitas versões complementem a parte grifada como nada me faltará, a frase original demonstra uma completude na ideia de que Deus já providenciara de antemão tudo; o que não se nota com tamanho impacto nesta outra versão, que trata do futuro. 

Para os doze Jesus prometeu: "E Jesus disse-lhes: em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando na ressurreição, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel" (Mt 19:28). E para nós: "E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna" (v. 29).

3. As faces do ministério de Jesus - Ao longo do ministério público do Senhor Jesus, Ele foi chamando outras pessoas para compor Sua equipe. Depois os preparou e os enviou às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.1). Enquanto isso não acontecia, o Mestre desenvolvia as várias facetas do Seu ministério público que se revela em outros ministérios como veremos.

3.1. Ministério da pregação e ensino - Foi dito inicialmente que, em seus discursos, Jesus dizia ser Mestre e Senhor. Como Mestre, ele ensinava como nenhum outro. Como Senhor, ele tratava com justiça como nenhum outro. Jesus foi enviado para pregar o Evangelho [boas novas] do Reino. Ele pregava e usava uma linguagem que todos podiam entender o que dizia. Ele também falava com tamanha autoridade, porque tinha convicção plena do conteúdo apresentado às pessoas. Jesus não defendia ideias, mas sim, princípios de vida eterna, por isso seus ensinos não morreram com Ele. Sua pregação era parte do seu próprio estilo de vida [obediência]. Seu ensino era parte do seu próprio Ser [submissão]. Tudo o que Ele viu e ouviu diante do Pai, fazia-lhes conhecer. Por isso sempre asseverava aos discípulos: "Portanto, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe" (Mt 12:50). Estão escritas no Velho Testamento palavras do pregador, Salomão: "As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor" (Ec 12:11) e "Bem-aventurado o homem que me dá ouvidos, velando às minhas portas cada dia, esperando às ombreiras da minha entrada" (Pv 8:34).

3.2. Ministério de cura e libertação - Embora não fosse o foco principal de seu ministério, Jesus realizara inúmeros milagres para servirem como testemunhas para aquela geração (Jo 4:48). Ele ressuscitou mortos (Lc 7:14; Jo 11); curou enfermos (Mt 9:20-22; 25; Mc 3:3); libertou endemoniados e possessos (Mc 7:26-30; Lc 8:26-39); multiplicou pães (Lc 9:13-17); andou sobre as águas (Mt 14:25); e inúmeros outros: "Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém" (Jo 21:25). 



3.3. A fama de Jesus em Seu ministério

CONCLUSÃO - O ministério do Senhor foi como raiz de uma terra seca para os religiosos contemporâneos. Seu labor não tinha parecer nem formosura por causa de Sua origem. Jesus, porém, brilhou muito além da carpintaria e das praias da Galileia, visto que Seu brilho é eterno. 

Mais do que fama, Jesus buscou apontar o caminho da verdade, mostrando aos homens que há esperança para os que andam em trevas. O nome de Jesus foi proclamado por causa da Verdade, porque Ele próprio é a Verdade. Por mais discípulos ou seguidores que um homem tenha, jamais ele alcançará no coração dos homens um caminho, se não for levado pelo ministério e obra do Espírito Santo, o Espírito da Verdade que o mundo não conhece, nem pode conhecer. Jesus preparou seus discípulos para levarem a Palavra a toda a criatura, mas antes, disse que deveriam ser revestidos do  Poder do Espírito Santo, porque não há outra forma de convencimento do coração humano em relação à Verdade. Jesus disse: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (Jo 14:26). "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra". (At 1:8). Sem o Poder do Espírito Santo não há como convencer o homem sobre o pecado, o juízo e a justiça. (Jo 16:8).

Deus abençoe sua vida.

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